Venda a descoberto de ações do BCP suspensas

Millennium BCP

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) proibiu a venda a descoberto de ações do BCP durante todo o dia de quinta-feira.

A decisão do regulador dos mercados financeiros acontece depois de, na sessão desta quarta-feira, as ações do banco terem derrapado 15,07% para 0,0879 euros, com 786 milhões de títulos transacionados no montante de 74,2 milhões de euros.

Nos considerandos justificativos da sua decisão, a CMVM destacou que “a flutuação do preço das ações em causa não pode excluir a ocorrência de um fenómeno de especulação com impacto negativo“.

Um analista de banca contactado pela Agência Lusa, que pediu para não ser identificado, disse que, além dos efeitos do caso Banco Espírito Santo (BES) estarem a chegar aos restantes títulos da banca, os investidores também desconfiam das autoridades portuguesas, já que as declarações que garantiam a solidez do BES terminaram com o fim do banco, tal como era conhecido.

Por outro lado, acrescentou, os investidores estão a fugir dos títulos do setor financeiro, porque é grande o risco de perderem tudo no modelo agora encontrado para fazer face à possível falência de um banco.

Entretanto, esta quinta-feira, o BCP anunciou que vai reembolsar o Estado em 1.850 milhões de euros, “após ter obtido do Banco de Portugal a devida autorização”.

O comunicado à CMVM refere que, “com este reembolso, o BCP antecipa o calendário inicialmente definido para o pagamento de CoCos [instrumentos de capital common equity tier 1], permitindo uma poupança superior a 300 milhões de euros no resultado líquido, e reafirma a sua intenção de reembolsar os 750 milhões adicionais até ao início de 2016″.

Prejuízos e aumento de capital

A 28 de julho, o Banco Comercial Português informou que registou um resultado líquido negativo de 62 milhões de euros entre janeiro e junho, valor que compara com o prejuízo de 488 milhões de euros apurado em igual período de 2013.

“O resultado trimestral [entre abril e junho], um prejuízo de 22 milhões de euros, é claramente o melhor trimestre dos últimos dois anos”, afirmou Nuno Amado, presidente do BCP, na conferência de imprensa de apresentação das contas.

Estes resultados foram anunciados no mesmo dia em que entraram no mercado os títulos emitidos no âmbito do aumento de capital do BCP, próximo de 2,25 mil milhões de euros (cujos resultados tinham sido divulgados a 22 de julho). Este aumento de capital, que terminou a 18 de julho, foi totalmente subscrito, ao preço de 0,065 euros por ação.

No entanto, Nuno Amado anunciou também que o BCP tem que emagrecer o quadro de pessoal em mais 500 colaboradores, além dos “cerca de 300 colaboradores” que já saíram do banco desde o início do ano no âmbito de uma “redução natural e negociada”, para cumprir as metas impostas por Bruxelas no âmbito da ajuda estatal ao banco.

ZAP / Lusa

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