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É possível descobrir se alguém está a mentir apenas pelo tom da sua voz

Pixabay

Pessoas que falam com uma entoação crescente, ênfase reduzida no início de cada sílaba e com uma velocidade de fala mais lenta são geralmente consideradas desonestas, de acordo com um novo estudo.

Depois de realizar experiências com 115 ouvintes de vários países, os autores do estudo concluíram que as pessoas têm a capacidade de cronometrar instantaneamente uma mentira com base nesse padrão melódico, mesmo que seja falado numa língua estrangeira.

Os investigadores começaram por descobrir se a prosódia – que se refere à ascensão e queda da fala de uma pessoa – pode ser usada para determinar a confiabilidade do discurso de um falante, refere o IFL Science. Mais especificamente, a equipa procurou perceber se existe uma assinatura prosódica universal para mentir e se esta pode ou não ser detetada pelos ouvintes.

Para investigar, os especialistas desenvolveram experiências separadas. A primeira das quais exigia que os participantes, falantes de francês, ouvissem centenas de palavras sem sentido que soavam de forma semelhante a algumas palavras francesas e, desta forma, avaliassem o quão honesto ou enganoso pensavam que o falante seria.

Com base nos resultados, os autores do estudo perceberam que os ouvintes classificaram consistentemente as palavras como mais honestas e mais certas se tivessem uma entoação decrescente, fossem mais altas no início da palavra e fossem faladas mais rápido.

Já as pessoas que falam com uma entoação crescente, ênfase reduzida no início de cada sílaba e com uma velocidade de fala mais lenta são geralmente consideradas desonestas, de acordo com o estudo publicado na revista Nature Communications.

Na segunda experiência, os ouvintes foram novamente apresentados a uma série de pseudo-palavras faladas, mas receberam algum contexto quanto à intenção do falante. Por exemplo, em alguns casos, foram informados de que o orador estava a jogar poker e tiveram que determinar se este estava a mentir para fazer bluff aos seus adversários.

Os resultados foram consistentes com os a da primeira experiência, pois os participantes consideraram que nos falantes mais honestos as suas vozes seguiam o mesmo padrão de entoação descendente, e nos mais desonestos a fala era mais lenta.

Os especialistas também recrutaram falantes de inglês e espanhol e descobriram que as suas respostas correspondiam às dos participantes franceses, sugerindo que pessoas de línguas diferentes associam os mesmos padrões prosódicos à mentira.

Por fim, os autores do estudo pediram aos participantes que se tentassem lembrar de algumas das palavras que tinham ouvido. No geral, os ouvintes eram muito melhores em recordar palavras que foram faladas com prosódia desonesta, indicando que essa forma de falar “sobressai” e atrai uma maior atenção.

Com base nessas descobertas, a equipa refere que a resposta automática à prosódia representa uma “adaptação auditiva única que permite aos ouvintes humanos detetar e reagir rapidamente à falta de confiabilidade durante as interações linguísticas”.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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