Embora, por lei, só possam fazer turnos de 24 horas, há militares da Marinha a serem obrigados a fazer turnos de 48 horas seguidas devido à pandemia.
Há oficiais, sargentos e praças da Marinha a fazer turnos de 48 horas seguidas. Embora, por lei, apenas possam fazer no máximo turnos de 24 horas, o comandante da Unidade das Instalações Centrais da Marinha está a obrigá-los a trabalhar durante 48 horas.
A denúncia é feita pelo presidente da Associação Nacional de Praças, que, em declarações à Rádio Renascença, diz que “alguns militares estão a ser obrigados a fazer serviços de escala de 48 horas, quando o regulamento de serviço naval em terra não o permite”.
“Quando um regulamento existe, ou é posto de parte ou então tem de ser cumprido”, acrescenta Paulo Amaral.
Por sua vez, face à denúncia, a Marinha garante que esta foi uma medidas implementadas, “a título excecional”, durante a vigência do estado de emergência, “com vista a diminuir o risco da exposição dos militares ao vírus”.
Paulo Amaral não se mostra convencido com a justificação e diz que “a lei, neste caso o Regulamento do Serviço Naval em Terra, não está a ser cumprido e nem a pandemia justifica este atropelo à legalidade”.
“A pandemia está a ser usada como desculpa para muita coisa que não pode acontecer, e esta é uma situação dessas”, atirou o presidente da Associação Nacional de Praças.
Amaral salienta ainda que isto está a criar “uma situação de duas Marinhas”, visto que isto “não acontece noutras unidades”.
“Isto para não falar do problema de exaustão que um serviço de escala acarreta para os militares, porque as pessoas não fazem ideia do quanto é duro para um militar, alguns com mais de 40 ou até 50 anos, estarem duas noites seguidas sem dormir”, explica à Renascença.
O Estado-Maior da Armada adianta ainda que “a implementação das medidas atualmente adotadas está permanentemente a ser avaliada”. Por isso, “assim que as condições da atual pandemia o permitam”, regressa-se à normalidade.