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A Terra perdeu 28 triliões de toneladas de gelo nas últimas décadas. Cumprem-se assim os “piores cenários” científicos

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(cv) NASA Goddard / Youtube

A Terra perdeu 28 triliões de toneladas de gelo nas últimas décadas, o que equivale a uma camada de 100 metros de espessura a cobrir o Reino Unido. Esta descoberta cumpre os “piores cenários” científicos, indica um estudo divulgado esta segunda-feira.

Uma equipa de cientistas liderada pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, efetuou um levantamento da perda global de gelo utilizando dados de satélite e constatou que, nos últimos trinta anos, verificou-se uma redução significativa com potenciais reflexos no aumento do nível do mar, que terá “impactos muito sérios nas comunidades costeiras neste século”.

O estudo, que envolveu outras instituições de investigação e que foi publicado na revista científica The Cryosphere, concluiu que se registou um aumento de 65% na taxa de perda de gelo, verificando-se aumentos acentuados nas perdas dos mantos polares na Antártica e na Gronelândia.

“Embora todas as regiões que estudamos tenham perdido gelo, as perdas nas camadas da Antártica e da Gronelândia foram as que mais se aceleraram”, alertou Thomas Slater, investigador principal do estudo, ao assegurar que essa situação está a cumprir os “piores cenários de aquecimento climático” estabelecidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.

Segundo disse, nas últimas três décadas, tem havido um grande esforço internacional para entender a evolução do sistema de gelo da Terra, que tem sido impulsionado por satélites “que permitem monitorizar rotineiramente as vastas e inóspitas regiões onde o gelo pode ser encontrado”.

“Este estudo é o primeiro a combinar esses esforços, observando o gelo que está a ser perdido em todo o planeta”, assegurou Thomas Slater, ao explicar que o aumento da perda de gelo foi desencadeado pelo aquecimento da atmosfera e dos oceanos em 0,26 graus e 0,12 graus por cada década, desde 1980.

De acordo com o estudo, o aumento da temperatura atmosférica tem sido o principal fator para o declínio do gelo do Ártico e dos glaciares de montanhas em todo o mundo, enquanto o aumento da temperatura do oceano acelerou o derretimento da camada de gelo da Antártica.

A pesquisa conclui ainda que cerca de metade da perda de gelo detetada se verificou em terra – em glaciares de montanha, na Gronelândia e na Antártica -, o que elevou o nível global do mar em 35 milímetros.

Estima-se que, para cada centímetro de elevação do nível do mar, cerca de um milhão de pessoas correm o risco de serem deslocadas das zonas mais baixas e costeiras.

ZAP // Lusa

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