As equipas que começaram, esta terça-feira, a recolher votos de pessoas em confinamento obrigatório identificaram situações de violação do isolamento.
“Há coisas incompreensíveis. Quem tem a determinação das autoridades de saúde para ficar no domicílio, tem de ficar no domicílio. Foram extraídas certidões de moradores que se inscreveram para votar e que estão confinados obrigatoriamente, mas não estão em casa”, disse o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado.
As equipas que vão recolher o voto e veem que o cidadão não está em casa registam a situação e participam às autoridades. Em declarações à rádio Renascença, o responsável adiantou que já seguiram queixas “para a autoridade de saúde e para o Ministério Público” contra os eleitores em causa.
“Isto é motivo de preocupação”, salientou Manuel Machado, referindo, sem avançar números, que são mais casos “do que seria expectável”.
O presidente da ANMP espera que o próximo domingo seja “de afluência às urnas” e que “a abstenção seja confinada“. “As pessoas podem ter confiança que tudo está organizado de modo a que seja respeitada a confidencialidade e, ao mesmo tempo, as questões relacionadas com a pandemia”, frisou.
No entanto, especialistas ouvidos pela agência Lusa apontam que as Presidenciais de domingo podem registar uma abstenção recorde, entre os 60% e os 70%, devido ao medo da pandemia, ao desinteresse dos eleitores e por haver um candidato favorito.
Esta quarta-feira é o último dia para que mais de 12 mil pessoas, entre idosos em lares e pessoas em confinamento obrigatório, possam votar sem sair à rua. O trabalho de recolha do boletim de voto destes eleitores está a ser feito, porta a porta, por equipas montadas pelas autarquias, devidamente equipadas e com regras sanitárias estritas.
A inscrição para o voto antecipado, sobretudo dos doentes infetados com covid-19, motivou várias reclamações à Comissão Nacional das Eleições (CNE), de eleitores que se queixavam de informações incompletas sobre os prazos.
Alguns lares também tiveram problemas em fazer a inscrição na plataforma do Ministério da Administração Interna (MAI), pelo que vários utentes vão ficar impedidos de votar
ZAP // Lusa