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Discutir sobre temas controversos requer mais atividade cerebral do que concordar

Uma nova investigação da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, confirmou aquilo que o senso comum já vaticinava: discutir sobre temas controversos requer muito mais atividade cerebral do que simplesmente concordar.

De acordo com a nova investigação, cujos resultados foram publicados esta semana na revista científica especializada Frontiers in Human Neuroscience, quando duas pessoas concordam, os seus cérebros exibem uma atividade calma, harmoniosa e sincronizada, focava essencialmente nas áreas sensoriais do cérebro.

Quando duas pessoas discordam, a resposta cerebral é outra: muitas outras regiões do cérebro envolvidas em funções cognitivas superiores mobilizam-se à medida que cada indivíduo rebate o argumento do outro.

“Todo o nosso cérebro é uma rede de processamento social (…) Contudo, é preciso muito mais inteligência para discordar do que concordar”, sintetizou Joy Hirsch, autora sénior do novo estudo e professora de Medicina Comparativa e Neurociência, citada em comunicado.

Para chegar a esta conclusão, a equipa de Yale juntou 38 adultos aos quais foi pedido que se manifestassem a favor ou contra com uma série de afirmações como, por exemplo, “O casamento homossexual é um direito civil” ou “A canábis deve ser legalizada”.

Depois de juntar pares de voluntários com base nas suas respostas, os cientistas recorreram à espectroscopia, uma tecnologia de imagem de infravermelho próximo para registar a atividade cerebral dos participantes enquanto estes discutiam frente-a-frente.

Há uma sincronicidade entre cérebros quando concordamos. Mas, quando discordamos, o acoplamento neuronal desconecta-se”, completou Hirsch.

A especialista estabelece deixa uma comparação entre as diferenças neuronais observadas com o mundo da música: quando dois cérebros investem muitos recursos emocionais e cognitivos funcionam como “uma orquestra sinfónica a tocar músicas diferentes; por outro lado, quando concordam, “há menos envolvimento cognitivo e mais interação social entre o cérebro dos locutores, semelhantes a um dueto musical”.

Hirsch considerou ainda que entender o funcionamento cerebral em situações de concordância ou discordância é particularmente importante agora, tendo em conta que vivemos num ambiente político cada vez mais polarizado.

Sara Silva Alves, ZAP //

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