À semelhança do Homem, os macacos não gostam de parar uma atividade em que investiram tempo, mesmo que não estejam a ser bem sucedidos, concluiu uma nova investigação da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos.
Em comunicado, a equipa refere que os humanos tendem a mostrar alguma relutância em desistir de alguma coisa em que já investiram tempo e esforço – é o chamado fenómeno dos “custos irrecuperáveis”: quanto mais tempo investimento numa determinada tarefa, mais provável é que a continuemos a levar a cabo, mesmo que sintamos que é inútil.
Agora, a nova investigação, cujos resultados foram publicados em novembro na revista científica Scientific Reports, sugere que os macacos tendem a fazer o mesmo.
Para analisar este traço comportamental nos primatas, os cientistas colocaram 26 macacos-prego (Sapajus) e sete macaco-rhesus (Cercopithecidae) a jogar um vídeo-jogo simples, no qual operavam um joystick e, através deste, precisavam de mover continuadamente um cursor sobre um alvo em movimento. Se fossem bem sucedidos, recebiam um prémio. Se perdessem, poderiam recomeçar o jogo.
A maioria das rondas do jogo durava apenas um segundo, mas alguns macacos continuavam a jogar durante cinco ou até sete segundos.
“Os macacos têm tempos de reação muito rápidos neste tipo de jogos e, por isso, para estes animais um segundo é muito tempo”, explicou a co-autora do estudo, Sarah F. Brosnan, citada na mesma nota de imprensa.
Apesar de ser mais eficiente terminar um jogo e tentar ganhar o seguinte, explicou, os macacos de ambas espécies não se renderam até ao final.
“[Os macacos em estudo] persistiram cinco a sete vezes mais do que o ideal e, quanto mais tentavam, maior era a probabilidade de terminar a tarefa até ao fim”, sustentou ainda a investigadora, dando conta de que este padrão comportamental pode ser fruto de uma adaptação evolutiva interespecífica.
“Às vezes, é preciso ter paciência. [Este comportamento] é útil no momento de procurar comida, caçar presas, esperar a eclosão dos ovos, procurar um companheiro ou para construir um ninho”, rematou a cientista.