Durante uma expedição da National Geographic, uma equipa de investigadores analisou amostras de neve e de pequenos rios, e encontrou evidências de poluição de microplásticos no Monte Evereste.
A equipa encontrou microplásticos a cerca de 8440 metros acima do mar, o que indica que estes resíduos conseguem chegar a locais do planeta extremamente altos. A pesquisa realizada foi publicada na revista One Earth a 20 de novembro.
De acordo com Imogen Napper, “o Monte Evereste foi descrito como o mais alto ferro-velho mundial”. A exploradora da National Geographic, e cientista da Universidade de Plymouth, é descrita pelos colegas como uma “detetive de plástico”, e considera que apesar dos “microplásticos não terem sido encontrados nas montanha antes, estes são muito persistentes e muito difíceis de remover”.
Os microplásticos são minúsculas partículas de plástico que provêm da decomposição de lixo maior e representam uma grande ameaça ecológica porque são facilmente consumidos por animais. Este tipo de resíduos são comuns no oceano, mas não são estudados com tanto cuidado em terra, especialmente em locais com grande altitude.
“Não sabia o que esperar dos resultados, mas surpreendeu-me encontrar microplásticos em cada amostra de neve que analisei. O Monte Evereste é um lugar que sempre considerei remoto. Saber que a poluição que causamos chega perto do topo da montanha mais alta do mundo é uma verdadeira revelação”, afirma a exploradora.
Enquanto alguns membros da equipa fizeram um trabalho de campo, e foram recolhendo pedaços de neve do Evereste durante a primavera de 2019, grande parte do trabalho foi também feito num laboratório a muitos quilómetros de distância, onde Napper e outros elementos analisaram as amostras.
Napper sublinha que “as amostras analisadas mostraram quantidades significativas de fibras de poliéster, acrílico, náilon e polipropileno”. A especialista refere que “este tipo materiais estão a ser cada vez mais usados para fazer roupas para os alpinistas, portanto, suspeitamos que essa é a principal fonte de poluição, e não coisas como recipientes de comida e bebida”.
Como frisa o Phys, embora este estudo tenha demonstrado a presença de microplásticos no Monte Evereste, a melhor forma de limpar este tipo de poluição existente ainda não foi descoberta.
“Para já os esforços ambientais tendem a concentrar-se na redução, reutilização e reciclagem de maiores fontes de resíduos. Isso é importante, mas também precisamos de começar a focar-nos em soluções tecnológicas mais profundas com foco em microplásticos. Por exemplo, mudar o design do tecido e incorporar fibras naturais em vez de plástico quando possível”, sugere Napper.
Os investigadores esperam que este estudo ajude a esclarecer até que ponto a poluição do plástico prejudica todos os ecossistemas, e não apenas o oceano.