Tal como nos centros de saúde, agora vai ser possível adquirir e tomar as vacinas da gripe nas farmácias, com a diferença de que os custos deverão ser assumidos pelas câmaras municipais. Cada imunização custará 2,5 euros aos municípios e ficará gratuita para pelo menos 150 mil utentes. Para já, só aderiram três autarquias.
De acordo com o Jornal de Notícias, os custos da administração de cerca de 150 mil vacinas da gripe nas farmácias comunitárias vão ser arrecadados pelas câmaras. Numa altura em que faltam poucos dias para arrancar a segunda fase de vacinação dos grupos de risco, apenas três municípios aderiram ao projeto que pretende aumentar a imunização da população idosa, ao mesmo tempo que ajuda nos encargos atribuídos aos centros de saúde.
A Câmara Municipal do Porto, a Câmara de Guimarães e a Câmara de Fornos de Algodres (na Guarda) foram para já as únicas a disponibilizarem-se para pagar as vacinas à população. Contudo, Duarte Santos, diretor da Associação Nacional de Farmácias (ANF), garante que “há dezenas de municípios” prestes a assinarem o protocolo.
Cada vacina vai render 2,5 euros às farmácias. Segundo o JN, este é um valor “solidário” que não chega para cobrir as despesas com as instalações, com os materiais de proteção individual e consumíveis e com a formação técnico-científica dos farmacêuticos. Porém, a ANF considera ser “um contributo responsável da rede de farmácias para vencer a covid-19”.
Ao longo dos últimos anos, as farmácias de todo o país vendem e administram vacinas da gripe, com comparticipação do SNS e com o pagamento do utente, mas agora é a primeira vez que participam na campanha para ajudar o Serviço Nacional de Saúde.
António Sales, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, informou no fim de setembro que 10% das vacinas reservadas para a população de risco poderão este ano ser administradas em cerca de duas mil farmácias. Depois de várias reuniões, ficou decidido que o Ministério da Saúde ia colaborar apenas com a cedência de vacinas do SNS, e que os restantes encargos passariam para as câmaras.
Em concordância com o que diz o JN, esta medida pode não abranger toda a população de risco, uma vez que a segunda fase da campanha de vacinação da gripe arranca já no dia 19 de outubro, e mesmo que sejam assinados protocolos com “dezenas” de câmaras, dificilmente serão abrangidos os 308 concelhos do país. O jornal considera que, no acesso a este serviço, pode não estar garantida a “equidade”.
A ANF lembra que há vários países no mundo onde os governos estão a aproveitar a rede de farmácias para imunizar as populações contra a gripe num ano especialmente complexo por causa da pandemia covid-19, por isso considera que “seria justo que o Estado investisse para garantir a liberdade de escolha a todos os portugueses (de se vacinarem na farmácia ou no centro de saúde) como acontece em muitos países desenvolvidos”.