A Uber ganhou, esta segunda-feira, um recurso legal sobre a revogação da sua licença para operar em Londres, garantindo por enquanto a continuação da empresa num dos seus maiores mercados.
De acordo com o Wall Street Journal, a decisão é um passo em frente para a Uber, enquanto esta tenta construir uma relação de confiança com os reguladores britânicos, após anos de disputa em Londres.
A luta judicial aconteceu depois de os reguladores britânicos terem recusado a renovação da licença da Uber, em novembro do ano passado. Essa desaprovação estará ligada ao facto de terem sido encontradas 14 mil ocorrências de casos de motoristas não autorizados a trocar a sua fotografia as de motoristas autorizados, para usar a aplicação móvel e arranjar clientes.
Um porta-voz da Transport for London, reguladora de transportes da capital do Reino Unido, disse na altura acreditar que alguns motoristas usavam falhas na aplicação móvel para permitir a outras pessoas usarem as suas credenciais para transportar clientes.
Na altura, a Uber disse que o problema tinha sido corrigido, mas as autoridades disseram que queriam ter a certeza de que não existiam outros problemas de software. A empresa de transporte privado recorreu da decisão e foi autorizada a manter os seus motoristas nas ruas de Londres durante o processo.
Esta segunda-feira, um tribunal londrino decidiu que a Uber tem a idoneidade necessária para ter a licença, apesar de existirem algumas falhas.
A empresa disse, num comunicado, que recebeu agora uma licença de 18 meses para continuar a operar em Londres, mas que está sujeita a uma série de condições. “Esta decisão é o reconhecimento do compromisso da Uber com a segurança“, afirmou a empresa de transporte privado.
A decisão tomada pela justiça britânica afasta, pelo menos durante o próximo ano e meio, a hipótese de a Uber ser proibida de operar na cidade pela Transport for London.
Pouco tempo depois de a Uber ter entrado no mercado da capital britânica, a Transport for London acusou-a de irregularidades na segurança e na regulação e, desde que assumiu o cargo em 2017, o presidente executivo Dara Khosrowshahi tem reconhecido falhas na aplicação móvel.
A Uber entrou em confronto com reguladores de transportes não só no Reino Unido, mas também noutras partes do mundo. Na Califórnia, a empresa está envolvida em litígios sobre a hipótese de reclassificar os seus motoristas como empregados, uma medida que alteraria a estrutura de custos do negócio.
Tanto a Uber como a sua rival Lyft disseram acreditar que os seus condutores são prestadores de serviços, na medida em que ambas as empresas se descrevem como sendo “operadoras de aplicativos digitais, que conectam os motoristas com passageiros, não sendo fornecedores de transporte”.
Agora, ambas estão a tentar fazer com que os eleitores da Califórnia opinem sobre o assunto, usando o processo eleitoral daquele estado para que as leis sejam aprovadas a seu favor.
Uber sofre queda devido à pandemia de covid-19
Além das batalhas judiciais, o negócio da Uber sofreu uma queda na procura pelos seus serviços durante a pandemia do novo coronavírus. Em agosto, a empresa revelou resultados fracos no segundo trimestre, com menos 75% de reservas comparativamente a 2019 e menos 72% relativamente ao trimestre anterior.
Londres é um dos maiores mercados da Uber em todo o mundo e, tal como noutras cidades, a empresa encontrou uma forte resistência por parte dos taxistas e de outros motoristas licenciados. No entanto, os taxistas londrinos foram particularmente ferozes aquando da sua chegada.
Uma grande parte da população adotou a Uber como meio de transporte preferencial, talvez por ser um meio-termo entre os transportes públicos e os táxis, que levam mais dinheiro pela mesma viagem. A empresa disse que tem 45 mil condutores licenciados em Londres e 3,5 milhões de clientes.
O tribunal listou uma série de violações recentes por parte dos motoristas da Uber – incluindo veículos sem revisão – mas disse que a empresa reduziu a ocorrência destas situações, aumentou a supervisão de problemas e que melhorou a comunicação com a Transport for London.
Além disso, a justiça britânica considerou que a Uber não tentou ocultar nenhuma das suas falhas. “A Uber não tem um histórico perfeito, mas tem melhorado”, disse o tribunal.