Chega quer expulsar autor de moção pela remoção de ovários a mulheres

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Manuel de Almeida / Lusa

A direção do Chega vai propor a “suspensão imediata” do militante Rui Roque que defendia a extração dos ovários numa moção de estratégia que foi rejeitada em congresso, informou esta segunda-feira o partido.

Mais de uma semana após o congresso em que a moção foi chumbada, a direção do partido anunciou que vai “reunir, na quinta-feira, com o propósito de proceder à imediata suspensão do militante Rui Roque”, autor da moção “Estratégia Global — Portugal” em que se defendia, entre “outras coisas” que fossem “retirados os ovários” às “mulheres que interrompessem voluntariamente a gravidez”.

“Esta proposta ataca de forma ostensiva, não só o bom nome do partido e os seus princípios e valores, como também todas as mulheres do país na sua dignidade e direitos, tal como prevê a lei em vigor”, lê-se no comunicado esta segunda-feira divulgado.

André Ventura, presidente e deputado único do Chega, ainda segundo o texto, “irá propor a imediata suspensão do militante com vista à sua consequente expulsão”, não esclarecendo se o fará ao órgão de jurisdição do partido.

E concluiu que “comportamentos desta natureza não serão admitidos” no partido, que “defende a dignidade da pessoa humana e os valores de um Estado de Direito Democrático”.

Rui Roque, antigo militante do Partido Nacional Renovador (PNR), divulgou a sua “Moção Estratégica Global para Portugal”, cuja proposta pretendia ver aplicadas medidas como a prisão perpétua em casos de homicídio com especial violência sobre crianças e idosos.

Um dos pontos mais polémicos tinha a ver com o aborto. O documento prevê a continuação da prática em Portugal, mas limita-a a determinados casos. “As mulheres que abortem no Serviço Público de Saúde, por razões que não sejam de perigo imediato para a sua saúde, cujo bebé não apresente malformações ou tenham sido vítimas de violação, devem ser retirados os ovários, como forma de retirar ao Estado o dever de matar recorrentemente portugueses por nascer, que não têm quem os defenda no quadro atual”, podia ler-se.

Para Rui Roque, esta medida permitiria que o aborto não fosse imposto aos médicos.

A II convenção do Chega realizou-se em Évora em 19 e 20 de julho, onde a direção de Ventura foi eleita à terceira tentativa. O documento de Rui Roque foi chumbado por 85% dos militantes.

ZAP // Lusa

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