Os jovens membros da Camorra, organização criminosa aliada à máfia siciliana, estão a recorrer ao TikTok para divulgar o seu estilo de vida e recrutar novos membros.
Em maio, um vídeo foi publicado no TikTok que chamou a atenção da comunidade italiana. Foi gravado dentro de uma prisão, que mais tarde foi identificada como sendo a ala de alta segurança da prisão de Avellino, a 50 quilómetros de Nápoles, a cidade natal da máfia italiana.
Um dos prisioneiros conseguiu contrabandear um telemóvel para a sua cela, gravando posteriormente um TikTok e divulgando-o na rede social. Rapidamente, o vídeo tornou-se viral em Itália e foi removido do TikTok, embora ainda esteja disponível no YouTube.
Segundo a VICE Itália, este é um dos muitos casos em que os jovens das fileiras da Camorra, uma organização criminosa aliada à máfia siciliana, recorrem ao TikTok para divulgar o seu estilo de vida e afirmarem-se perante as máfias do resto do mundo. A tendência tem vindo a aumentar ultimamente.
Todavia, não há forma de provar que estes utilizadores do TikTok são de facto membros da Camorra, já que não há propriamente uma lista oficial de membros.
Enquanto no passado os membros da Camorra eram provenientes de apenas algumas famílias italianas, hoje, jovens aspirantes a mafiosos rapidamente conquistam medo e respeito com demonstrações de violência nas ruas, escreve a VICE. Além disso, os jovens procuram agora as luzes da ribalta, contrariando a tendência de esconderem as suas atividades criminosas.
Desde o início dos anos 2000, cada vez mais líderes de clãs Camorra mais velhos têm sido detidos, levando crianças e jovens a tomarem os seus lugares. Estes grupos de mafiosos mais jovens são conhecidos por atos de violência aleatória e injustificado, procurando causar medo e pânico.
Tradicionalmente, os clãs Camorra geriam racionalmente a violência, de forma a não perder o respeito da população local, salienta o professor Luciano Brancaccio, que escreveu um livro sobre o tema.
Muitos dos jovens Camorra que utilizaram o TikTok gabam-se das suas armas, tatuagens, carros, motas e outros itens de luxo. Os vídeos são acompanhados de músicas no dialeto local, cujas letras muitas vezes mencionam atividades criminosas. Contudo, nenhum dos vídeos mostra explicitamente crimes a serem cometidos. Em contrapartida, as descrições das publicações subentendem a sua afiliação ao crime organizado.
Marcello Ravveduto, professor de História Pública Digital da Universidade de Salerno, disse que o uso do TikTok pela máfia para espalhar a sua mensagem faz sentido: “Muitas vezes esquecemos-nos que as organizações criminosas e as redes sociais têm uma coisa importante em comum: uma rede”.
Assim, à medida que a visibilidade da Camorra no TikTok aumenta, também o seu grupo de recrutamento vai alargando.
Este artigo mistura sistematicamente Máfia com Camorra. São organizações diferentes e não necessariamente aliadas, como é dito.
Uma incorreção:
“Nápoles, a cidade natal da máfia italiana.” — não, Nápoles é a cidade natal da Camorra. E Camorra e Máfia são organizações diferentes
… quem sabe, sabe.