O advogado e ativista dos direitos humanos George Bizos morreu aos 92 anos, anunciou esta quinta-feira a Fundação Ahmed Kathrada.
George Bizos dedicou a sua carreira profissional à luta pelos direitos humanos na África do Sul, para onde imigrou em 1941 como refugiado da II Guerra Mundial com o seu pai.
De origem helénica, Bizos destacou-se no auge do apartheid ao representar Walter Sisulu e Nelson Mandela, fundadores do ex-movimento de libertação, Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), no julgamento de Rivonia.
Em 1996, na Comissão de Verdade e Reconciliação (TRC) criada pelo Governo de Unidade Nacional do Presidente Mandela, Bizos representou várias famílias de dirigentes da luta de libertação, como Steve Biko e Chris Hani.
George Bizos, nasceu em 1928, na Grécia, tendo sido ainda contemporâneo de do fundador da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Eduardo Mondlane, na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo.
George Bizos sempre defendeu o que era justo e correto
O advogado lusodescendente José Nascimento considerou esta quarta-feira que o legado de meio século de George Bizos na defesa dos direitos humanos na África do Sul é uma referência para o país.
“Foi um grande ativista e defensor dos direitos humanos, pelos quais lutou durante cerca de 50 anos, um homem que passou quase toda a sua vida adulta na África do Sul e sempre a combater pela justiça, e foi um dos fundadores da escola SAHETI, há 47 anos, para a promoção da educação helénica”, adiantou à Lusa José Nascimento.
O advogado lusodescendente sublinhou que George Bizos “defendeu sempre o que achava que era justo e correto independentemente do que estivesse na moda na altura, porque chegou até a ser ostracizado pela comunidade helénica”. “Foi um homem que há poucos anos foi também ao Zimbabué defender Morgan Tsvangirai [ex-líder da oposição e antigo primeiro-ministro falecido em 2018]”, salientou.
“Conheci pessoalmente o George Bizos que me dizia sempre: ‘obrigado pelo que estás a fazer pelo nosso país e pelas nossas comunidades‘ e foi a dedicatória que ele me deu na sua autobiografia ‘Odisseia à Liberdade’ [2007]”, recordou.
José Nascimento sublinhou ainda à Lusa que, sendo imigrante na diáspora, George Bizos “foi um homem que sempre se orgulhou das suas origens e que nunca deixou de ser menos sul-africano por causa disso”.
A instituição de ensino helénica SAHETI, da qual Bizos foi fundador, disse em comunicado: “Como comunidade, caminhámos ao lado de um homem que se tornou um ícone da luta contra o apartheid na África do Sul”.
Era o único sobrevivente da equipa jurídica dos líderes do ex-movimento de Libertação, Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), no julgamento de Rivonia, que condenou a prisão perpétua por sabotagem ao então regime do apartheid, Nelson Mandela, Walter Sisulu e Ahmed Kathrada, entre outros.
ZAP // Lusa