O salário mensal médio no setor da construção civil ultrapassou, pela primeira vez, a barreira dos 1.000 euros em abril de 2020, em plena pandemia.
O valor é avançado esta quinta-feira pelo jornal Eco, que recorda que a construção civil foi um dos poucos setores que não parou durante a pandemia de covid-19 e em que os trabalhadores receberam mais para sair de casa e ir trabalhar.
Trata-se de um aumento de 4,1% face ao mesmo período do ano anterior.
O valor médio da taxa de salário mensal foi de 1.000,1 euros em abril deste ano, o que se traduz numa subida de 0,3% em relação a janeiro, segundo os dados do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, citados pelo jornal.
A tendência de subida dos salários médios verificou-se em todas as profissões do setor: operadores de máquinas de escavação, terraplenagem, de gruas e similares (6,5%), para motoristas de veículos pesados de mercadorias (5%) e para os canalizadores (5%).
Apesar da pandemia, a construção civil não parou e contou com o “empurrão” das obras públicas, tal como escreve o jornal Eco. Houve um abrandamento na procura no mercado imobiliário que se refletiu e travou a construção, mas o setor já está a estabilizar.
“O setor da construção manteve-se sempre em atividade, procurando superar os condicionantes resultantes da crise sanitária, que implicaram, entre outros aspetos, restrições de deslocação, dificuldades de obtenção de materiais, redução da produtividade e acréscimo de custos operacionais”, explica o presidente da Associação de Empresas de Construção e Obras Publicas e Serviços (AECOPS) em declarações ao jornal.
O maior impacto sente-se “ao nível da reposição de carteira de encomendas, que está a ser penalizada com as indecisões dos investidores privados, e deixa perspetivar uma redução da atividade, no final do ano”, explicou ainda.
No geral, a remuneração média dos trabalhadores portugueses também subiu no segundo trimestre deste ano, embora tenha desacelerado, penalizado pelo regime de lay-off a que muitas empresas aderiram para dar resposta à crise desencadeada pela pandemia.
Entre abril e junho fixou-se nos 1.326 euros, mais 1,6% do que no mesmo período do ano passado, segundo os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística.