O número de mulheres desaparecidas no Peru, um fenómeno endémico no país, subiu de cinco por dia, em média, para oito, desde a quarentena decretada para travar a pandemia de covid-19, indicou o provedor de Justiça.
O desaparecimento de mulheres é um problema recorrente naquele país latino-americano, que conta 33 milhões de habitantes. Segundo dados do gabinete do provedor de Justiça, citados pela agência France-Presse (AFP), em 2019, desapareceram, em média, cinco mulheres por dia.
A situação agravou-se durante o confinamento, imposto entre 16 de março e 30 de junho em todo o país, com o número a subir para oito desaparecimentos por dia. Neste período, desapareceram 915 peruanas, 70% das quais menores.
Os familiares das vítimas e grupos de defesa dos direitos das mulheres acusam a polícia de não investigar os desaparecimentos, a pretexto de que deixaram as famílias voluntariamente, apesar da elevada taxa de assassínios de mulheres no país e das redes de tráfico de seres humanos e de prostituição.
“Há resistência por parte da polícia para investigar estes casos. Exigimos que seja criado um registo nacional de pessoas desaparecidas”, disse à AFP a advogada Eliana Revollar, responsável pelos direitos das mulheres no gabinete do provedor de Justiça.
Em 2019, foram assassinadas 166 mulheres no país. Um em cada dez casos tinha sido denunciado às autoridades como desaparecimento, de acordo com o provedor de Justiça.
Desde o início da pandemia, o Peru registou 498.555 infeções e 21.713 mortes por covid-19, incluindo 212 óbitos nas últimas 24 horas, um novo máximo diário.
As autoridades vão impor um novo recolher obrigatório dominical a partir de 16 de agosto, tendo proibido igualmente as reuniões familiares, principal fonte de contágio com o novo coronavírus no país.
O Peru é o terceiro Estado latino-americano mais afetado pela doença, atrás do Brasil e do México.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 743 mil mortos e infetou mais de 20,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela AFP.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
// Lusa