A NOS, Altice e Vodafone decidiram não usar a tecnologia da Huawei no ‘core’ das redes 5G, embora o Governo não tenha banido a empresa chinesa das infraestruturas do país.
Um porta-voz da NOS diz que a empresa “não vai usar tecnologias Huawei nas redes 5G” e vai escolher “os melhores parceiros” para esta implementação. Portugal está a preparar um leilão do 5G que irá decorrer até ao final do ano. A Anacom salienta que é “uma oportunidade” para introduzir mais empresas no mercado e “mais ofertas e preços mais competitivos”.
A rede ‘core’ do 5G, explica a Renascença, é responsável pelas funções de gestão de sessões, pelos processos de autenticação e autorização de acesso à rede.
Também a Vodafone Portugal, em comunicado, anunciou que optou por não usar a tecnologia da empresa chinesa: “A Vodafone (casa mãe VOD.L) anunciou que a sua rede core 5G não irá contemplar a Huawei nas suas diferentes operações, pelo que, naturalmente, a Vodafone Portugal não é exceção”. A Vodafone trabalhará com a Ericsson.
Por sua vez, a Altice também não terá a Huawei no core da rede 5G, contando com outros fabricantes para esse efeito.
Uma porta-voz da Altice Portugal disse que “o processo do 5G em Portugal ainda não está totalmente definido, havendo um conjunto de decisões relevantes a ser tomadas pelas entidades competentes, pelo que deve aguardar por estas para posteriormente se pronunciar”.
No final do ano passado, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, esteve em Lisboa, onde terá tentando convencer o Governo a não usar a Huawei na sua rede 5G. Os EUA defendem que há um potencial perigo de espionagem pela China. Tanto Pequim como a Huawei negam estas acusações.
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, realçou que “a priori, não temos problemas com nenhum dos fabricantes”.
Em declarações à Rádio Renascença, o investigador e professor e telecomunicações António Rodrigues diz que “não existem provas de que a China, em particular, a Huawei faz espionagem, nem há provas de que não faça, mas há uma grande relutância em empresas muito grandes em abandonar totalmente a hipótese Huawei”.
“Neste momento, não me parece justificável, do ponto de visto tecnológico ou técnico, que seja necessário não usar material Huawei pelo facto de haver esse perigo. Isto é uma decisão que caberá aos Governos tomar, é política”, acrescentou.