O tribunal de Hamburgo, na Alemanha, condenou esta quinta-feira a dois anos de prisão efetiva um antigo guarda de um campo nazi, de 93 anos, por cumplicidade na morte de milhares de pessoas na Polónia entre 1944 e 1945.
O acusado, Bruno Dey, tinha 17 e 18 anos na altura dos factos e “foi reconhecido como cúmplice em 5.323 casos de assassínio ou tentativa de assassinato”, disse a presidente do tribunal, Anne Meier-Goring. Trata-se de um dos últimos processos judiciais contra implicados nas atrocidades cometidas pelo regime nazi.
Bruno Dey, atualmente com 93 anos foi guarda no campo de Stutthof, em território polaco ocupado, entre 1944 e 1945. O julgamento começou no passado mês de outubro e devido à idade, Dey foi ouvido duas vezes por semana, em sessões de duas horas cada.
Na declaração final perante o tribunal, o antigo guarda pediu desculpas pelo “papel que desempenhou na máquina de destruição nazi”, acrescentando que “jamais se deve repetir”.
“Hoje, quero pedir perdão a todos os que foram submetidos a insanidades infernais“.
Durante as últimas duas décadas, cada julgamento de um antigo membro do regime nazi é apontado como “o último caso” mas na semana passada um outro guarda de Stutthof, de 95 anos, foi acusado pelos procuradores que investigam os crimes cometidos nos anos 1930 e 1940. Mais outros dez casos estão a ser investigados.
“Não era um fanático nazi”
O caso de Dey aplica a lei aos antigos guardas dos campos de concentração que não tinham como objetivo o “extermínio” dos prisioneiros. Os procuradores afirmaram que enquanto guarda de Stuttoh, entre agosto de 1944 e abril de 1945, Dey “não era um fanático nazi” tendo colaborado como “uma pequena peça na engrenagem dos crimes”.
Dey forneceu informações ao tribunal, afirmando que por não ter capacidade de combate no Exército em 1944 foi destacado como guarda SS (Schutzstaffel) no campo perto de Danzing, atual cidade polaca de Gdansk.
De acordo com a Reutrs, o Ministério Público tinha pedido uma pena de três anos.
Inicialmente, em 1940, Stutthof foi utilizado como “campo de trabalho” para prisioneiros judeus, polacos e russos. O campo, onde milhares de pessoas morreram, internava também prisioneiros políticos, de delito comum, homossexuais e seguidores dos Testemunhas de Jeová.
Desde meados de 1944, altura em que o guarda acusado servir em Stutthof como SS, milhares de judeus dos guetos de vários pontos do Báltico foram enviados para o campo.
Em Stutthof mais de 60 mil pessoas foram submetidos a experiências extremas tendo muitas pessoas sido injetadas com gasolina diretamente no coração e muitas outras abatidas a tiro ou deixadas a morrer de fome.
No campo, em 1944, foram instaladas câmaras de gás.
// Lusa