O desempenho dos guarda-redes podem vir a melhorar com as luvas que um investigador da Universidade do Minho está a desenvolver, com palmas que imitam o casco da cabra-montês, que, segundo a instituição, aumentam a aderência e o conforto.
De acordo com a Universidade do Minho (UMinho), o projeto do investigador Clécio Lacerda vai ser patenteado e “já desperta interesse do mercado”, com a pesquisa a juntar os departamentos de Engenharia Têxtil e de Biologia, sendo financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e contando com as parcerias do Vitória de Guimarães e de empresas, entre as quais a que equipa os guarda-redes internacionais de futebol Eduardo e Beto.
A investigação de Clécio Lacerda partiu da sua tese de doutoramento em Engenharia Têxtil sobre “Desenvolvimento de superfície têxtil mimética e aplicação ao desporto”, com o trabalho a acabar por se fixar nas luvas do guarda-redes de futebol, não só face ao seu potencial de mercado, mas também por causa do diferente tratamento que tem sido dado às costas e às palmas daquela peça do equipamento.
“As costas da luva estão há muitos anos bem resolvidas estética e tecnologicamente mas, surpreendentemente, a palma da luva não, quando é a parte mais importante, pois contacta diretamente com a bola. O seu látex desgasta-se” mais rapidamente e não tem a aderência ideal“, explicou o investigador.
Clécio Lacerda explorou microrganismos, plantas, animais e outros sistemas biológicos que tivessem a estética e a funcionalidade aplicáveis à palma da luva, num processo que culminou no casco da cabra-montês.
Nos laboratórios, verificou que esses cascos são formados por fibras e “a grande questão” foi perceber como essas fibras se organizavam vertical e horizontalmente para se poder imitar o processo artificialmente.
Depois de testados vários modelos e os seus comportamentos face ao atrito e à compressão, a investigação chegou a uma espuma de látex de base tecnológica diferente.
“O protótipo em estrutura hexagonal expande-se e volta à forma inicial, tal como o casco da cabra”, segundo o investigador, adiantando que o equipamento inclui ainda uma camada de polímero ou silicone para facilitar a aderência.
Falta validar os sistemas de corte da luva, trabalho para o semestre final do doutoramento.
Clécio Lacerda admitiu que esta tecnologia venha a ser aplicada noutros desportos e contextos, podendo, por exemplo, absorver o impacto de quedas de ciclistas e motociclistas.
As sapatilhas para escalada e as proteções de guarda-redes de hóquei em patins são outras possibilidades, segundo o investigador da Universidade do Minho.
/Lusa