A Malásia estará a alinhavar um plano para devolver ao mar cerca de 300 refugiados Rohingya que foram detidos pelo país, depois de terem sido interceptados num barco danificado.
Muitos refugiados desta minoria étnica fogem das perseguições de que são alvo em Myanmar e procuram a Malásia por ser um país de maioria muçulmana. Mas a Malásia não pretende continuar a acolher refugiados Rohingya, sobretudo depois de ter reforçado as restrições devido à pandemia de covid-19.
A Malásia já tinha solicitado ao Bangladesh que acolhesse cerca de 200 refugiados Rohingya, mas este país recusou.
O plano passa agora por os devolver ao mar no barco que já se encontra reparado, conforme revelam duas fontes de Segurança da Malásia à agência Reuters.
“É o plano actual, mas nenhuma decisão foi tomada ainda”, realça uma destas fontes, notando que se a ideia for adiante, o barco será abastecido com comida e água.
Nem o primeiro-ministro do país, nem as autoridades de imigração responderam a perguntas da Reuters sobre o assunto.
Quando foram capturados os refugiados, foi encontrada uma mulher morta no barco. As organizações de solidariedade que actuam na zona falam em mais vítimas e dizem que muitos refugiados morreram de fome enquanto o barco esteve retido no mar, antes de ter sido resgatado pela Malásia.
O país já terá recusado, entretanto, acolher, pelo menos, mais dois barcos e procedeu à detenção de dezenas de Rohingya que já estavam no país, bem como de outros migrantes sem documentos, como apurou a Reuters. Em causa estarão receios relacionados com o coronavírus.
Os responsáveis do Projecto Arakan, organização sem fins lucrativos que presta ajuda aos Rohingya, apela à Malásia para não enviar as pessoas de volta para o mar.
“Isso seria completamente desumano, os passageiros já morreram a bordo deste barco antes de ser resgatado”, aponta à Reuters o director do Projecto, Chris Lewa.
Além disso, representaria também o regresso dos refugiados a Myanmar, onde sofreriam perseguições e violências várias, alerta Lewa.
“Os Rohingya precisam de protecção e não podem ser empurrados de um país para outro e deixados sozinhos no mar”, aponta este responsável.