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Há 5.000 anos, os agricultores chineses tinham uma relação especial com as lebres

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(dr) P. Sheng / Antiquity

Uma lebre numa sepultura da dinastia Zhou Ocidental

Há cinco mil anos, as comunidades do Loess Plateau, no norte da China, tiveram um impacto tão grande nos pequenos mamíferos que quase causaram a domesticação das primeiras lebres da História.

As lebres, pertencentes ao género Lepus, nunca foram treinadas. Ainda assim, no Neolítico, uma variante destes animais (Lepus capensis) aprendeu “a conviver com os seres humanos, tal como raposas ou os guaxinins, de acordo com um novo artigo publicado na Antiquity.

Segundo os arqueólogos, os seres humanos podem ter “tolerado” estes animais por terem um certo significado espiritual, o que permitiu a criação de uma relação especial entre pessoas e lebres.

“A análise dos ossos de uma lebre no local de Yangjiesha mostra um aumento diacrónico numa dieta baseada em milhete, o que revela, pela primeira vez, a expansão das antigas interações entre humanos e lebres do deserto além da relação predador-presa”, escreveram os autores do estudo.

De acordo com o IFL Science, a alteração dos padrões de agricultura afetou indiretamente a dieta e o comportamento dos pequenos mamíferos selvagens no Loess Plateau durante o final e o meio do Holoceno, “um processo que pode ter moldado trajetórias coevolucionárias”, acrescentam os cientistas.

No fundo, a expansão da agricultura beneficiou o relacionamento de alguns animais com os seres humanos.

Há muitas evidências antigas de que os humanos atribuíram importância religiosa e espiritual a estes pequenos mamíferos, e tal surge testemunhado na arte e na literatura.

Os arqueólogos analisaram ossos de 54 lebres e os resultados revelaram que a maioria dos animais comia plantas silvestres. A mesma análise revelou que cerca de 20% tinha uma dieta dominada por milho produzido pelos agricultores chineses.

“Encontramos uma relação entre lebres e seres humanos, como se fossem os seus animais de estimação“, explica Pengfei Sheng, principal autor do estudo. Alguns animais tinham uma dieta tão humana que a equipa concluiu que, muito provavelmente, viveram “num ambiente doméstico”.

ZAP //

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