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Cientistas descobriram o que desencadeia um terramoto em câmara lenta

Uma equipa de cientistas identificou, pela primeira vez, as condições profundas abaixo da superfície da Terra que levam à ativação dos terramotos em “câmara lenta”.

Os terramotos em câmara lenta são semelhantes a sismos repentinos, mas ocorrem em escalas de tempo muito mais longas, normalmente de dias ou meses. Depois de perfurar cerca de 1 km em profundidades oceânicas de 3,5 km da costa da Nova Zelândia, a equipa mostrou que as áreas da zona de falha onde ocorrem eventos de derrapagem lenta são caracterizadas por uma mistura de diferentes tipos de rochas.

Os resultados, publicados na Science Advances, revelaram que as áreas são compostas por uma topografia extremamente áspera do fundo do mar, composta por rochas que variam acentuadamente em tamanho, tipo e características físicas.

Philip Barnes, do Instituto Nacional de Pesquisas Atmosféricas e da Água (NIWA), referiu, em comunicado, que “algumas rochas eram macias e fracas, enquanto outras eram duras, cimentadas e fortes”.

Ake Fagereng, co-autor do artigo científico, disse que este foi “o primeiro esforço para amostrar rochas que hospedam eventos de derrapagem lenta, e a surpreendente observação revelou que os pontos fortes são muito variáveis”. O investigador explicou que a fonte dos terramotos em câmara lenta é a mistura de rochas “duras” e “fracas”.

Os terramotos em câmara lenta foram descobertos, pela primeira vez, na falha de San Andres, na Califórnia, mas têm acontecido noutros lugares ao redor do mundo desde 2002. Apesar de serem cada vez mais vulgares, o fenómeno continua a ser um mistério para os cientistas.

Segundo o Phys, a equipa realizou duas expedições à zona de subdução de Hikurangi, a maior falha sísmica da Nova Zelândia e um dos melhores lugares do mundo para estudar o deslizamento lento.

Os investigadores perfuraram dois poços para obter a sequência de rochas e sedimentos e interpretaram estes dados juntamente com os perfis de reflexão sísmica das camadas abaixo da superfície da Terra.

O estudo indicou que a coexistência destas rochas contrastantes na zona de falha pode levar a movimentos lentos. A descoberta tem relevância não apenas para a Nova Zelândia, como também para o Japão e Costa Rica, localizados no Anel de Fogo, o perímetro da bacia do Oceano Pacífico, onde ocorrem muitos terramotos e erupções vulcânicas.

ZAP //

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