Afinal, em vez de ter sido o núcleo da Terra, uma equipa de investigadores sugere que pode ter sido o manto terrestre a gerar o primeiro campo magnético do nosso planeta.
Uma equipa de investigadores oferece novas estimativas para a termodinâmica da geração do campo magnético na porção líquida do manto terrestre e mostra durante quanto tempo esse campo esteve disponível. Esta visão contradiz a ideia de que este primeiro campo magnético se formou através do núcleo da Terra.
“Atualmente, não temos uma grande teoria unificadora de como a Terra evoluiu termicamente”, disse o autor do estudo, Dave Stegman, no comunicado de imprensa citado pela EurekAlert. “Não temos essa estrutura conceitual para entender a evolução do planeta. Esta é uma hipótese viável“.
Esta teoria pode mudar completamente a forma como entendemos a história do nosso planeta. Tem sido um princípio fundamental da geofísica que o núcleo externo líquido da Terra sempre foi a fonte do dínamo que gera o seu campo magnético. Os campos magnéticos formam-se na Terra e noutros planetas que têm núcleos metálicos líquidos, giram rapidamente e têm condições que tornam possível a convecção de calor.
No passado, investigadores franceses já tinham sugerido que nos primeiros 4,5 mil milhões de anos da história do nosso planeta, o terço inferior do manto terrestre teria que ter sido derretido. É com base nisto que esta equipa de investigadores mostra como essa porção, outrora líquida, poderia ter excedido os limites necessários para criar o campo magnético da Terra durante esse tempo.
A equipa de Stegman afirma que o silicato líquido do manto terrestre pode ser mais eletricamente condutor do que aquilo que se acreditava. Isto sustenta a ideia de que afinal pode ter sido o manto terrestre a gerar o primeiro campo magnético do nosso planeta.
“Ziegler e Stegman propuseram a ideia de um dínamo de silicato para a Terra primitiva”, explicou o geofísico Lars Stixrude. A ideia foi recebida com ceticismo porque os seus primeiros resultados “mostraram que um dínamo de silicato só era possível se a condutividade elétrica do líquido fosse notavelmente alta, muito maior do que a medida em líquidos de silicato a baixa pressão e temperatura”.
Num outro estudo, publicado em fevereiro na revista científica Nature Communications, Stixrude encontrou “valores muito grandes de condutividade elétrica, grandes o suficiente para sustentar um dínamo de silicato”.