Turquia mantém portas da Europa abertas aos refugiados e desafia Grécia a fazer o mesmo

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Recep Erdogan, Presidente da Turquia

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que o seu país vai manter as portas das suas fronteiras abertas, para que os refugiados entrem na União Europeia (UE), como forma de pressão para que os líderes comunitários assumam medidas concretas para resolver a crise migratória.

“Decidimos não deter aqueles que querem ir para a Europa. Alimentamos-los e vestimos-los durante nove anos. Agora querem ir para a Europa e não os detemos. [A UE] pensava que estávamos a brincar. Agora vêem”, apontou Erdogan em declarações divulgadas pelas televisões turcas.

Erdogan também criticou a Grécia por estar a impedir a entrada dos refugiados recorrendo a gás lacrimogéneo e a canhões de água. “Não há diferença entre essas imagens na fronteira da Grécia e o que os Nazis fizeram“, acusa Erdogan.

“Não estamos a pensar em fechar as nossas propostas. A nossa proposta para a Grécia é que abra os seus portões. Estas pessoas não vão ficar na Grécia. Deixem-nas atravessar da Grécia para outros países europeus”, desafiou Erdogan.

A situação na fronteira greco-turca complicou-se depois de a Turquia ter decidido, a 28 de fevereiro passado, que ia abrir as portas da Europa aos refugiados que se encontram no país, deixando de exercer qualquer controlo alfandegário, depois de soldados turcos terem sido mortos pelo regime sírio num bombardeamento na região de Idlib.

“Até que todas as expectativas sejam cumpridas de forma concreta, vamos continuar a nossa prática actual nas fronteiras”, alerta Erdogan.

A Turquia comprometeu-se a estancar a onda migratória ilegal, bem como o tráfico de seres humanos, no âmbito de um acordo assinado com a UE em 2016. O país recebeu fundos comunitários para melhorar as condições dos cerca de 3 milhões de refugiados sírios que se encontram no país.

Todavia, o regime de Erdogan está insatisfeito com o facto de a UE não se dispor a acolher refugiados que se encontram na Turquia, pretendendo também receber mais fundos. O número de refugiados no país é, agora, de cerca de 4 milhões e há uma nova vaga a caminho devido à intensificação do conflito na zona de Idlib, no noroeste da Síria.

Cessar-fogo violado em Idlib

Um acordo de cessar-fogo estabelecido entre turcos e russos em Idlib “começou a ser violado”, denunciou também Erdogan, pedindo a Moscovo que “tome medidas” sobre esta questão.

“Mesmo que sejam pequenos incidentes aqui e ali, o cessar-fogo começou a ser violado. Estamos a compartilhar esses desenvolvimentos com a Rússia e aguardamos medidas a serem tomadas”, afirmou Erdogan durante um discurso em Ancara.

Numa reunião em Moscovo, na semana passada, Erdogan e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, chegaram a um acordo de cessar-fogo para encerrar semanas de uma escalada da violência que atingiu o pico com confrontos entre soldados turcos e sírios. Mesmo com a Turquia a apoiar grupos rebeldes na Síria e a Rússia a apoiar o regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, os dois países vêm cooperando há vários anos na questão síria.

O acordo de cessar-fogo entrou em vigor na sexta-feira e restaurou uma aparência de calma na província de Idlib, palco de vários meses de bombardeamentos pesados de aviões do regime sírio e russos que causaram um desastre humanitário.

Erdogan disse que a Turquia estava pronta para responder com firmeza a qualquer ataque às tropas enviadas para Idlib em vários postos de observação. “Nós responderemos a qualquer ataque aos nossos postos de observação com represálias ainda mais fortes”, referiu Erdogan.

O acordo celebrado por Erodgan e Putin também contempla patrulhas russo-turcas a partir de domingo ao longo da estrada estratégica M4, que atravessa a província de Idlib de leste a oeste. Para se preparar para essas patrulhas, uma delegação de soldados russos chegou a Ancara na terça-feira para discussões com autoridades turcas.

As discussões continuam de maneira positiva e construtiva. Patrulhas conjuntas estão planeadas para o M4 a partir de 15 de março, estamos a trabalhar nisso”, disse esta quarta-feira o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar.

A província de Idlib, a última fortaleza rebelde e jihadista na Síria, tornou-se o novo epicentro de um conflito que matou mais de 380 mil pessoas desde 2011. O regime de Al-Assad lançou uma ofensiva no país em dezembro que deslocou quase um milhão de pessoas.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Cada vez mais louco, este ditador!…
    Recebe milhares de milhões da UE, invade a Síria e ainda tem a lata de dizer isto!!
    Também faz parte da NATO e compra armamento russo…
    Enfim…

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