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Misterioso escurecimento de Betelgeuse é um “espirro de poeira gigante”

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A misteriosa estrela Betelgeuse, temporariamente obscurecida, não passa por qualquer processo de desvanecimento. Só está envolta de poeira.

Uma equipa de cientistas da Universidade de Washington e do Observatório Lowell, nos Estados Unidos, apoiam a teoria de que Betelgeuse segue um ciclo de vida muito semelhante ao das supergigantes vermelhas e, como tal, só está envolta de poeira. O artigo foi aceite recentemente para revisão no Astrophysical Journal Letters.

“As supergigantes vermelhas lançam ocasionalmente material das suas superfícies, que se condensa em torno da estrela em forma de poeira. À medida que arrefece e se dissipa, os grãos de poeira absorvem parte da luz que bloqueiam a nossa visão”, explicou a professora de Astronomia Emily Levesque.

Apesar deste fenómeno, os astrónomos esperam que esta enigmática estrela expluda como uma supernova nos próximos 100.000 anos. No entanto, o desvanecimento da estrela, que começou em outubro do ano passado, não é necessariamente um sinal de uma supernova iminente, sublinha os astrónomo do Observatório Lowell, Philip Massey.

De acordo com o portal EurekAlert, uma teoria colocada em cima da mesa pelos cientistas era que a poeira recém-formada estava a absorver parte da luz de Betelgeuse. Uma outra postulou que enormes células de convecção dentro da estrela haviam atraído material quente para a sua superfície.

Uma forma de apurar qual destas teorias estaria correta era determinar a temperatura da superfície de Betelgeuse. Mas medir a temperatura de uma estrela não é uma tarefa fácil.

Ao observar o espectro de luz que emana de uma estrela, os astrónomos conseguem calcular a sua temperatura. A luz das estrelas brilhantes é muitas vezes demasiado forte para um espectro detalhado, mas Massey usou um filtro que “amorteceu” o sinal para conseguir extrair o espectro de uma assinatura específica: a absorvência da luz pelas moléculas de óxido de titânio.

O óxido de titânio forma-se e acumula-se nas camadas superiores de estrelas grandes e relativamente frias, como Betelgeuse. Esta substância absorve alguns comprimentos de onda da luz, deixando “bolas” reveladoras no espectro de supergigantes vermelhas que os cientistas conseguem usar para determinar a temperatura da superfície da estrela.

Segundo os cálculos, a temperatura média da superfície de Betelgeuse no dia 14 de fevereiro era de, aproximadamente, 3.325 graus Celsius. – apenas 50-100 graus Celsius mais frio do que a temperatura que uma equipa calculou como a temperatura da superfície de Betelgeuse em 2004, anos antes da sua atenuação dar início.

Esta descoberta põe em dúvida que Betelgeuse está a escurecer porque uma das enormes células de convecção da estrela trouxe gás quente de dentro para a superfície. Se uma dessas células tivesse subido à superfície de, os cientistas teriam registado uma queda de temperatura substancialmente maior do que a observada entre 2004 e 2020.

Os astrónomos já observaram nuvens de poeira em volta de outras supergigantes vermelhas, pelo que observações adicionais podem revelar um distúrbio muito semelhante ao redor de Betelgeuse.

ZAP //

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