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Até as estrelas têm auroras (e já as podemos ver)

Uma equipa internacional de astrónomos observou sinais de rádio estranhos vindos de uma anã vermelha. Estas ondas bizarras estavam a ser produzidas pela interação com um exoplaneta que orbitava a estrela, criando uma aurora.

Apesar de isto já ter sido previsto há mais de três décadas, esta é a primeira vez que os astrónomos conseguiram realmente ver este sinal.

Em 16 de junho de 2016, os astrónomos avistaram o sinal intrigante vindo da GJ1151, uma anã vermelha comum situada a 26 anos-luz de distância na constelação Ursa Maior. As estrelas emitem todos os tipos de sinais eletromagnéticos, mas as frequências baixas nunca tinham sido estudadas em detalhe. Após descartar várias possibilidades, os investigadores estão confiantes de que a única explicação é a interação entre a estrela e um planeta.

Esta observação é uma nova etapa no estudo detalhado sobre as propriedades dos exoplanetas nestes sistemas. As anãs vermelhas são os tipos mais comuns de estrelas na Via Láctea. São muito mais frias e mais pequenas do que o Sol, mas têm campos magnéticos mais fortes. Muitas anãs vermelhas conhecidas são orbitadas por planetas do tamanho da Terra e, à medida que orbitam, podem criar interações magnéticas peculiares. Agora, finalmente, conseguimos detetá-las.

“O movimento do planeta no forte campo magnético de uma anã vermelha age como um motor elétrico da mesma forma que um dínamo de bicicleta, o que gera uma corrente que alimenta auroras e emissões de rádio na estrela”, disse Harish Vedantham, do Instituto Holandês de Radioastronomia (ASTRON) e principal autor do estudo, em comunicado.

Este tipo de interação também é visível no Sistema Solar, mas não no Sol. Uma interação semelhante acontece entre Júpiter, que tem um campo magnético muito forte, e a sua lua vulcânica Io. Estas interações são mais brilhantes do que o próprio Sol em algumas frequências de rádio baixas.

“Adaptamos o conhecimento de décadas de observações de rádio de Júpiter ao caso desta estrela”, disse Joe Callingham, co-autor do estudo. “Há muito tempo se prevê que uma versão ampliada de Júpiter-Io exista na forma de um sistema de planeta estelar e a emissão que observamos encaixa-se muito bem na teoria”.

As observações foram possíveis graças ao radiotelescópio de baixa frequência (LOFAR) e os resultados foram publicados este mês na revista científica Nature Astronomy. Agora, a equipa está a olhar para mais anãs vermelhas para perceber quão comum é este  fenómeno.

“O objetivo a longo prazo é determinar qual o impacto da atividade magnética da estrela na habitabilidade de um exoplaneta e as emissões de rádio são uma grande peça desse quebra-cabeça”, explicou Vedantham. “O nosso trabalho mostrou que isto é viável com a nova geração de radiotelescópios e coloca-nos num caminho emocionante”.

Espera-se que o LOFAR encontre pelo menos outros 100 sistemas na vizinhança solar e futuros observatórios, como o Square Kilometer Array, poderão encontrar ainda mais.

ZAP //

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