Excesso de higiene está a tornar a nossa saúde mais frágil, aponta estudo

herraez / Canva

Um grupo de investigação do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) divulgou recentemente um estudo sobre a perda de diversidade da flora intestinal – também denominada como microbiota – e as consequências desta diminuição na nossa saúde, no qual alertam para os riscos de uma “higiene excessiva”.

“Neste momento, nós quase que usamos uma higiene excessiva, com muitos produtos para combater os micróbios e isso também está a influenciar a perda de diversidade da microbiota”, o que fragiliza a saúde, explicou à Renascença a investigadora Karina Xavier, líder da equipa responsável pelo estudo, publicado na Nature Microbiology.

No início, o foco da pesquisa – realizada em colaboração com a Universidade de Stanford, nos Estados Unidos – era perceber o “impacto dos antibióticos na microbiota”, tendo concluído que, após o consumo de tipo de medicamento, “verifica-se uma grande redução, em termos de número e diversidade, destes organismos que vivem nos nossos intestinos”.

A investigadora esclareceu que, apesar da quantidade desses organismos recuperar rapidamente, a diversidade permanece bastante alterada, deixando o organismo mais suscetível a infeções até haver uma recuperação.

Durante a investigação, a equipa descobriu a bactéria “Klebsiella michiganensis”, um probiótico presente no intestino humano em baixas concentrações, que pode contrariar esses efeitos de destruição e de ausência de bactérias protetoras.

O objetivo da equipa é agora “identificar outros mecanismos que ajudem à recuperação da microbiota” e conseguir um “cocktail mais completo, que consiga conferir todas as propriedades benéficas da microbiota”.

“Se um médico nos diz para tomar um antibiótico, devemos tomar”, porque “os antibióticos ainda são a melhor maneira de combater agentes infeciosos”, indicou Karina Xavier, sublinhando, contudo, que estes afetam as bactérias naturais do organismo, que devem ser preservadas.

Para Rita Oliveira, outra das investigadoras, ainda não existe “uma forma fácil de detetar qual o agente infecioso que temos e, portanto, é mais fácil e rápido usar os antibióticos de espectro mais largo, o que afeta bastante a microbiota intestinal”.

No entanto, “estas perdas da diversidade na microbiota, na nossa sociedade, não estão a ser só por causa dos antibióticos”, mas muito pela higiene em excesso, nomeadamente, através de produtos cosméticos e de limpeza muito agressivos, destacou Karina Xavier.

ZAP //

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