O Vesúvio entrou em erupção em 79 d.C, assolando assentamentos num raio de 20 quilómetros. Um novo estudo mostra que a intensa explosão de calor transformou o cérebro de uma pessoa em vidro.
Nos anos 1960, arqueólogos descobriram os restos mortais de um ser humano nas ruínas de Herculano, deitado numa cama de madeira e coberto de cinzas vulcânicas.
De acordo com o estudo publicado na revista científica The New England Journal of Medicine, investigadores italianos da Universidade de Nápoles Federico II estudaram o conteúdo do crânio dessa pessoa e descobriram um pedaço de vidro preto brilhante.
Os cientistas argumentam que o material é tecido cerebral que foi queimado a uma temperatura extremamente alta e passou por um processo de vitrificação. Normalmente, é extremamente raro encontrar tecido cerebral durante o trabalho arqueológico, uma vez que se decompõe muito rápido. Em certas situações, o tecido cerebral pode ser preservado à medida que as gorduras do tecido são convertidas em glicerol e sais de ácidos gordos, transformando-se efetivamente em sabão.
No entanto, neste caso, o tecido foi submetido a uma temperatura tão intensa – cerca de 520ºC – que se tornou vitrificado. Este é o processo que acontece quando uma substância se transforma em vidro, geralmente através da exposição a temperaturas escaldantes..
De acordo com o IFLScience, havia várias pistas que se sugeriam que se tratava de tecido cerebral genuinamente vitrificado. Primeiro, o vidro contém várias proteínas que se podem encontrar nos tecidos do corpo humano. Os investigadores também detetaram ácidos gordos em óleo do cabelo humano dentro do material. Por fim, não havia vestígios de qualquer outro material vítreo semelhante em qualquer outro local do corpo ou do local.
Este humano não foi a única vítima do Monte Vesúvio em 79. A erupção catastrófica também destruiu as cidades romanas vizinhas de Pompeia, Oplontis, Stabiae e vários outros assentamentos mais pequeno, o que resultou em milhares de mortes. Muitos foram sufocados com cinzas vulcânicas, outros com gás quente e outros instantaneamente vaporizados pela onda de calor.
Um outro novo estudo, divulgado recentemente na revista científica Antiquity, revelou que centenas de pessoas em Herculano ficaram presas dentro de casas de barcos, onde morreram lentamente “assadas” vivas.
Segundo os cientistas, a descoberta deste cérebro de vidro é única e parece ser a primeira vez que isto é visto em contexto arqueológico. No entanto, os investigadores observam que houve relatos semelhantes sobre cérebros de vidro entre as vítimas do bombardeamento de Dresden, na 2ª Guerra Mundial, que matou cerca de 25 mil pessoas.