Um estudo da Universidade de Birghamton, em Nova Iorque, concluiu que a nossa escolha de roupa pode afetar os hábitos comportamentais da vida selvagem em nosso redor.
Lindsey Swierk, professora assistente de pesquisa em ciências biológicas da Universidade de Binghamton, colaborou num estudo com o objetivo de perceber a forma como os ecoturistas poderiam, sem intenção, ter um efeito sobre a vida selvagem nativa da região. Para isso, Swierk e a sua equipa foram à Costa Rica para conduzir o estudo sobre anolis aquáticos (Anolis aquaticus), uma variedade de lagarto.
“Estudo anolis aquáticos há cinco anos e ainda me surpreendo com a sua história e comportamento naturais únicos”, disse Lindsey Swierk, citada pelo EurekAlert. “Um dos motivos pelos quais os anolis aquáticos foram escolhidos é porque são restritos a uma faixa bastante pequena e podemos ter certeza de que estas populações em particular não tinham visto muitos seres humanos nas suas vidas. Portanto, tínhamos muita confiança de que as populações não eram tendenciosas por interações humanas anteriores”.
Os cientistas foram ao Centro Biológico Las Cruces, na Costa Rica. Para colher dados, visitaram três locais diferentes do rio, vestindo uma camisola colorida: laranja, verde ou azul. O foco do estudo foi ver como os anolis aquáticos reagiam às diferentes cores.
O laranja foi escolhido porque o animal apresenta sinais sexuais alaranjados. O azul foi escolhido como contraste, uma vez que o corpo desta espécie não possui a cor azul. Já o verde foi selecionado como uma cor semelhante ao ambiente da floresta tropical do local de teste.
“Com base em trabalhos anteriores sobre a forma como os animais respondem a estímulos de cores, desenvolvemos uma hipótese de que usar cores que são ‘usadas’ pelos anolis aquáticos seria menos assustador para esses lagartos”, disse Swierk.
De acordo com o estudo publicado em dezembro na revista científica Biotropica, os resultados apoiaram essa hipótese. Os investigadores vestidos de laranja relataram um maior número de anolis vistos por hora e uma maior percentagem de captura de lagartos. “Foi muito surpreendente ver que a cor verde, que nos camuflava bem na floresta, era menos eficaz do que usar uma laranja muito brilhante!”, disse Swierk.
Para a investigadora, uma das maiores conclusões deste estudo é que ainda não conseguimos entender a forma como os animais veem o mundo. Swierk espera que os resultados possam ser usados dentro da comunidade de ecoturismo para reduzir os impactos sobre a vida selvagem que desejam ver.