Mais de 6.500 casos anuais de cancro na bexiga, cerca de 5% de todos os casos na Europa, incluindo em Portugal, podem ser atribuídos à exposição a químicos (trihalometanos) na água potável, alerta um estudo do Instituto de Saúde Pública de Barcelona (ISPB) esta quarta-feira divulgado.
De acordo com os resultados, agora divulgado em comunicado, Portugal está entre os países em que a concentração de trihalometanos (THM) compostos tem picos que ultrapassam o máximo de 100 microgramas por litro permitidos na União Europeia (UE) e que estão também estipulados na legislação nacional.
Os dados compilados pelo estudo indicam, no entanto, que a concentração anual média de THM na água da torneira em Portugal é de 23,8 microgramas por litro.
Os trihalometanos (THM) formam-se no processo de desinfeção da água e são um conjunto de quatro compostos orgânicos: Clorofórmio (CHCl3), Bromodiclorometano (CHBrCl2), Dibromoclorometano (CHBr2Cl) e Bromofórmio (CHBr3).
O potencial carcinogénico dos THM já era conhecido, mas o estudo agora divulgado pretende estabelecer uma relação direta entre a exposição a esses compostos e casos de cancro da bexiga. “Investigações anteriores haviam estabelecido uma associação entre a exposição prolongada a THM – seja por ingestão, inalação ou absorção dérmica – e o aumento do risco de cancro da bexiga”, refere o comunicado do ISPB.
O ISPB analisou a presença de trihalometanos na água da torneira de 26 países da UE, à exceção da Bulgária e da Roménia. Em termos de percentagem, o ISPB lista como países com maior incidência de casos de cancro da bexiga atribuíveis a exposição a THM Chipre (23%), Malta (17%), Irlanda (17%), Espanha (11%) e a Grécia (10%).
Portugal regista uma incidência de 9,1%. No extremo oposto estão a Dinamarca (0%), a Holanda (0,1%), a Alemanha (0,2%) a Áustria (0,4%) e a Lituânia (0,4%).
ZAP // Lusa