As manifestações em Paris deverão ter o seu pico às 14h deste sábado, mas, até lá, vão-se intensificando os confrontos entre manifestantes e polícia. Coletes Amarelos bloquearam estradas e autoridades responderam com gás lacrimogéneo.
Este fim-de-semana completa-se um ano sobre o aparecimento nas ruas dos Coletes Amarelos. Esta manhã de sábado, pelo 53º sábado seguido, os manifestantes saíram às ruas de Paris e já provocaram confrontos violentos na Porta de Champerret, no norte da cidade, e na Praça de Itália, no sul.
Alguns dos participantes nos protestos foram ainda responsáveis pela obstrução de uma autoestrada circular durante vários minutos, obrigando as forças policiais a intervir. De acordo com o Correio da Manhã já há 33 detidos, mas os relatos variam entre os órgãos de comunicação.
“O facto de continuarmos nas ruas é uma prova de que há graves problemas neste país”, afirma um Colete Amarelo à AFP. “Claro que não é comparável às primeiras mobilizações, mas continuamos aqui”, reforçou.
Os números não se comparam aos 282 mil que saíram às ruas há um ano, mas mesmo assim, este manifestante mantém-se crente neste “núcleo duro” que não perde a esperança na luta contra as políticas de Emmanuel Macron, o presidente francês. “Muitos deixaram de se manifestar quando o governo suspendeu a subida do preço dos combustíveis”, notou.
Em resposta à violência dos Coletes Amarelos, a polícia francesa viu-se obrigada a disparar gás lacrimogéneo. Os confrontos aconteceram quando este grupo de manifestantes se preparava para marchar pela cidade em direção à Gare d’Austerlitz, no sul da cidade. A polícia fez detenções para evitar que os Coletes Amarelos bloqueassem algumas das estradas de Paris.
Segundo Priscillia Ludosky, uma das maiores figuras do movimento, as manifestações deverão começar a intensificar-se depois do almoço, a partir das 14h. O Observador conta que as autoridades já identificaram mais de 40 pessoas e fizeram cerca 1.500 fiscalizações preventivas.
Há quase um ano, o lusodescendente Jerome Rodrigues perdeu um olho numa manifestação dos coletes amarelos depois de ter sido atingido por uma bala de borracha e desde aí transformou-se numa das principais figuras do movimento.
“Houve um impacto muito negativo, tenho o Governo nas minhas costas, sou assediado na Internet e até já me mandaram para Portugal nas redes sociais, eu que nem sequer tenho nacionalidade portuguesa! A parte positiva é falar com muita gente, aprender muito”, salientou este “colete amarelo” que viaja um pouco por toda a França para falar sobre as suas ideias, sendo figura assídua na televisão e contando com quase 50 mil seguidores nas redes sociais.
No entanto, ele está entre os primeiros a admitir que as mudanças exigidas como maior poder de compra para a classe média, uma redução drástica dos impostos ou até a saída de Emmanuel Macron do poder, não foram conseguidas.
“Mudanças não [houve], porque não ganhámos quase nada. Mas a maneira de contestação é diferente. Mostrou um contrapoder que já não era feito pelos sindicatos ou a oposição política”, afirmou.
ZAP // Lusa
Se as eleições fossem livre e mudassem algo já tinham sido proibidas