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Cientistas identificaram neurónios específicos que mapeiam memórias

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Neurocientistas descobriram um aspeto curioso de como a nossa memória funciona: Quando o cérebro precisa de recuperar informação relacionada com um lugar específico, neurónios individuais podem atingir memórias específicas.

De acordo com o estudo publicado na revista Nature Neuroscience, “um recurso importante da memória é a capacidade de recordar seletivamente determinadas experiências, mesmo que estas tenham ocorrido num ambiente partilhado com outros eventos”.

“Por exemplo, quando pedem a alguém para fazer um roteiro turístico de uma cidade que já visitou várias vezes, essa pessoa pode recordar seletivamente memórias distintas de locais de diferentes viagens para fornecer uma resposta”, exemplificam os autores.

De acordo com o Science Alert, os investigadores analisaram neurónios individuais — que apelidaram de “células de rastreamento de memória” — de 19 pacientes submetidos a uma cirurgia cerebral para a epilepsia.

Os pacientes concluíram uma tarefa de memória espacial, ao longo de um percurso num ambiente de realidade virtual, no qual lhes foi pedido para pressionar um botão quando encontravam objetos específicos.

Os investigadores pediram aos participantes para andarem pelo percurso e marcarem a localização de um objeto que tinha sido removido. Embora esteja muito longe de nos lembrarmos daquilo que fizemos nas últimas férias, a equipa encontrou alguns resultados interessantes.

Enquanto examinavam o lobo temporal medial e, em particular, o córtex entorrinal, os cientistas descobriram que as “células de rastreamento de memória” estavam “espacialmente sintonizadas” com o local e puderam recuperar as informações específicas da localização que a pessoa precisava de recordar.

“O nosso estudo demonstra que os neurónios do cérebro humano rastreiam as experiências que estamos voluntariamente a recordar e podem alterar os seus padrões de atividade para diferenciar entre memórias. São como os pins do Google Maps que marcam os locais que nos lembramos para eventos importantes”, explica Salman E. Qasim, engenheiro biomédico da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

“Esta descoberta pode fornecer um potencial mecanismo para a nossa capacidade de recorrer seletivamente a diferentes experiências do passado e destaca como essas memórias podem influenciar o mapa espacial do cérebro”.

Pesquisas anteriores já tinham analisado como é que podemos fazer isso, descobrindo que esse local e as células em grelha são muito importantes para a nossa memória espacial, funcionando de forma semelhante a um GPS. O ajuste espacial é a ideia de que os neurónios individuais “se ativam para representar locais no ambiente durante a navegação”.

“Com base neste trabalho, propomos que neurónios individuais no lobo temporal medial, e particularmente no córtex entorrinal, exibiriam ajustes espaciais modulados por experiências passadas”, concluem os cientistas.

ZAP //

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