Um dia de manifestações na Bolívia de apoiantes e adversários dos candidatos presidenciais Evo Morales e Carlos Mesa saldou-se com 30 feridos, com este último a prometer que ou vai para a Presidência ou para a prisão.
A ministra da Saúde, Gabriela Montaño, adiantou, no Twitter, que um homem de 35 anos estava a ser tratado no hospital da cidade de Santa Cruz, na parte oriental do país, a “um ferimento por projétil no abdómen”, o qual estava “em estado crítico”.
Há ainda relatos não confirmados de uma morte, avançados pelo vice-presidente do Comité Cívico de Santa Cruz, Romulo Calvo, em conferência de imprensa.
Por outro lado, Romulo Calvo confirmou a existência de pelo menos 30 feridos, um dos quais “por bala” e outro agredido por uma arma perfurante.
A Bolívia está a viver protestos continuados desde que a oposição política e outros movimentos denunciaram o que dizem ser uma fraude eleitoral nas eleições Presidenciais a favor do Presidente Evo Morales, dado como vencedor pelo organismo eleitoral.
Os resultados definitivos deram Morales como vencedor, com 47,8% dos votos, que assim derrotava Carlos Mesa, creditado com 36,51%.
Esta diferença superior a dez pontos percentuais (10,57) é suficiente para o mandatário ganhar à primeira volta. A lei eleitoral exige 50% dos votos mais um ou 40% com dez pontos de vantagem sobre o segundo para vencer na primeira volta.
Carlos Mesa declarou aos seus apoiantes, na segunda-feira, que não se vai render até que termine na prisão ou na Presidência. “Ou o cárcere ou a Presidência”, declarou Mesa perante uma concentração de apoiantes, na capital.
“Vamos seguir em frente com as mobilizações democráticas e pacíficas”, disse Mesa, destacando ainda “a valentia” da participação de milhares de bolivianos nos protestos.
“Este é um caminho sem volta, da conquista democrática, da conquista do voto, da conquista da liberdade”, declarou.
O vice-presidente boliviano, Álvaro García, por sua vez, considera que esta é uma “atitude golpista para ignorar o voto do povo” e aponta o dedo a Mesa, dizendo que “é o responsável, o culpado” pela violência dos últimos dias.
A concentração em que é esperada a presença de Evo Morales está prevista mais para a noite na cidade de El Alto, vizinha de La Paz.
ZAP // Lusa