Sabia que lavar a cara ou os dentes podem ser uma acto de poluição? Uma campanha internacional pede aos consumidores para evitarem produtos de higiene pessoal e cosméticos com microesferas plásticas, elementos que vão parar ao mar e acabam engolidos pelos animais por engano.
A campanha “Combata as Microesferas” (“Beat the Microbead”) é uma iniciativa de duas organizações não governamentais holandesas, a que se juntou a APLM, Associação Portuguesa de Lixo Marinho, para alertar os portugueses para as consequências nefastas da utilização destes produtos no ambiente.
Os microplásticos, com dimensões inferiores a cinco milímetros, podem resultar da degradação dos plásticos abandonados no ambiente, e que se vão reduzindo a partículas cada vez mais pequenas, ou são matéria prima virgem para o fabrico de vários produtos, como esfoliante corporal, pasta dentífrica, gel de limpeza facial e de banho ou creme de barbear.
As partículas plásticas que vão para o esgoto não são retidas nas estações de tratamento de águas residuais, pois os seus filtros não estão preparados para reter elementos tão pequenos, e este material vai parar a cursos de água, seguindo para o mar.
“Estamos a descarregar as microesferas plásticas no ambiente marinho”, onde existe uma cadeia alimentar, com zooplancton na sua base. Este irá absorver as partículas plásticas, de seguida um peixe pequeno come o zooplancton e um maior irá comer o peixe menor”, referiu Patrícia Louro, uma das fundadoras da APLM.
Patrícia Louro recordou conclusões de trabalhos científicos que indicam que os microplásticos absorvem poluentes e alguns peixes, habitualmente capturados para consumo humano, continham já partículas plásticas no estômago quando foram pescados.
Trata-se de “um potencial poluidor enorme e um risco para a saúde pública”, salientou a especialista da APLM.
Os produtos e os fabricantes
Os consumidores podem consultar no site da APLM a lista de produtos ou, através de uma aplicação para smartphones, perceber quais os que contêm microplásticos, através da leitura dos códigos de barras, explicou hoje à agência Lusa Patrícia Louro, coordenadora da campanha em Portugal.
A campanha também pretende “alertar o fabricante, se este ainda não tiver conhecimento, de que os produtos que está a colocar no mercado têm um potencial poluidor”.
Entre os fabricantes já contactados, “alguns descartam a responsabilidade sobre o assunto e outros dão uma resposta positiva e comprometem-se a, num determinado prazo, alterarem os produtos e substituírem os microplásticos por outros ingredientes”, frisou Patrícia Louro.
Por outro lado, vai ser preparada uma base de dados nacional, chegando depois a uma internacional, “para que possamos ter acesso a todas as marcas e todos os fabricantes dos produtos que contêm ou não contêm microplásticos, [passando a] ter uma escolha muito mais alargada”, avançou.
O site da campanha vai disponibilizar listas de produtos classificados em três cores: vermelho, laranja e verde, correspondendo a “contém”, “ainda contém” e “livre de” micro plásticos, respetivamente.
O consumidor pode participar na elaboração da lista enviando uma fotografia do código de barras dos produtos que deteta fora da classificação.
// Lusa
Dimensões inferiores a 5 mm !!?? com 4 mm ? grandes bolas…