O Benfica fechou hoje com chave de ouro uma época que roçou a perfeição, ao vencer por 1-0 o Rio Ave na final da Taça de Portugal, tornando-se a primeira equipa a conquistar os três principais troféus nacionais.
O golo marcado pelo extremo argentino Nico Gaitán, aos 20 minutos, foi suficiente – ao contrário do que sucedeu na final da temporada passada – para que a equipa lisboeta erguesse pela 25.ª o troféu, em 35 finais disputadas, apesar de ter protagonizado uma exibição pouco entusiasmante.
Com simbolismo, o Benfica completou o seu processo de regeneração, no mesmo palco onde há um ano bateu no fundo, ao perder a taça para o Vitória de Guimarães (2-1), o último dos três troféus que deixou escapar entre os dedos, depois do campeonato, para o FC Porto, e da Liga Europa, para o Chelsea.
Tal como na época passada, o Benfica subiu ao relvado do Estádio Nacional, em Oeiras, poucos dias depois de ter perdido a final da segunda prova europeia, desta vez frente ao Sevilha, mas já com o título nacional e Taça da Liga na galeria de troféus e um estado de espírito diametralmente oposto.
Presente pela segunda vez no Jamor, 30 anos depois de ter perdido por 4-1 com o FC Porto, o Rio Ave voltou a falhar a conquista do seu primeiro título nacional, revelando-se incapaz de evitar o mesmo desfecho da final da Taça da Liga, que perdeu há pouco mais de uma semana para o Benfica (2-0).
O treinador Jorge Jesus apresentou o “onze” com que gostaria de ter alinhado frente ao Sevilha, com os argentinos Enzo Pérez e Salvio, ausentes em Turim devido a suspensão, a reforçarem o meio-campo, mas sem o lesionado Siqueira, que, ao contrário de Garay, não recuperou e foi substituído por André Almeida.
Do lado do Rio Ave, o técnico Nuno Espírito Santo prescindiu do ponta-de-lança egípcio Hassan e apostou na mobilidade de Braga e Rúben Ribeiro, os dois elementos mais adiantados da equipa vila-condense, com Ukra e Pedro Santos a terem carta branca para atacar pelos flancos.
Sem aviso prévio, o equilíbrio da fase inicial do encontro foi desfeito aos 20 minutos de forma brusca por Nico Gaitán, que, com um raro remate com o pé direito, visou o ângulo superior direito da baliza vila-condense e tornou inútil a estirada do guarda-redes brasileiro Ederson.
Há um ano, o extremo argentino tinha demorado mais dez minutos para colocar o Benfica em vantagem, desbaratada já na fase final e em apenas dois minutos, nos quais sofreu os dois golos do Vitória de Guimarães, mas hoje, apesar de alguns sobressaltos, o Benfica teve engenho para segurar a magra vantagem.
Os reflexos de Ederson revelaram-se preciosos cinco minutos mais tarde, evitando que os “encarnados” aumentassem a vantagem na sequência de um cabeceamento de Garay, após livre de Gaitán, e até ao intervalo o guardião do Rio Ave não teve muito mais trabalho.
A equipa de Vila do Conde entrou na segunda parte determinada a chegar ao empate e logo nos minutos iniciais criou um lance muito perigoso na área benfiquista, sem que vários jogadores conseguissem encontrar espaço para rematar.
A substituição do lesionado Ruben Amorim por André Gomes não ajudou o Benfica a recuperar as “rédeas” do jogo e, depois de Lima ter procurado o 2-0, só o poste esquerdo da baliza de Oblak impediu que o remate de Pedro Santos restabelecesse a igualdade aos 63 minutos.
O guarda-redes do Benfica brilhou a grande altura pouco depois, desviando sobre a barra um remate de longe de Ukra que parecia destinado a responder à letra ao de Gaitán na primeira parte. Na sequência do canto, o cabeceamento de Marcelo errou o alvo por muito pouco.
Markovic, que tinha substituído minutos antes o apático Rodrigo, deu nota da reação “encarnada”, obrigando Ederson a defesa apertada, mas até ao apito final o Rio Ave manteve sempre o Benfica na iminência de ter de disputar o prolongamento para conquistar a 10.ª “dobradinha”, que não conseguia há 27 anos.
Jorge Jesus, que conquistou pela primeira vez a Taça de Portugal após duas tentativas falhadas, emocionou-se e a festa dos adeptos do Benfica tomou conta do Estádio Nacional e o cartão vermelho mostrado pelo árbitro Carlos Xistra ao defesa vila-condense Lionn, já depois do apito final, passou despercebido a muitos.
MR, Futebol 365 / Lusa