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A fusão de estrelas é a origem dos ímanes mais fortes do Universo

Ohlmann / Schneider / Röpke

Simulação da origem de um magnetar

Simulações em computador mostraram que a fusão de duas estrelas cria fortes campos magnéticos. Se essas estrelas explodirem em supernovas, podem tornar-se magnetares.

Investigadores da Universidade de Heidelberg, da Sociedade Max Planck, do Instituto de Estudos Teóricos de Heidelberg e da Universidade de Oxford participaram numa nova pesquisa que mostra de que forma algumas estrelas de neutrões se tornam nos ímanes mais fortes do Universo. Os resultados foram publicados no dia 9 de outubro na Nature.

Todo o Universo é encadeado por campos magnéticos. O Sol, por exemplo, possui uma “concha” na qual a convecção gera continuamente campos magnéticos.

“Embora as estrelas massivas não possuam essas ‘conchas’, observamos um campo magnético forte e em grande escala na superfície de aproximadamente 10%“, explica Fabian Schneider, cientista do Centro de Astronomia da Universidade de Heidelberg e primeiro autor do artigo científico, em comunicado.

Estes campos descobertos em 1947, mas a sua origem ainda é um mistério.

Há mais de uma década, a comunidade científica sugeriu que fortes campos magnéticos ocorrem quando duas estrelas colidem. No entanto, “até agora, era muito difícil testar essa hipótese, dado que não possuíamos as ferramentas computacionais necessárias”, esclarece Sebastian Ohlmann, da Sociedade Max Planck.

Desta vez, os cietistas usaram o código AREPO, um código de simulação altamente dinâmico do Instituto de Estudos Teóricos de Heidelberg (HITS), que explica as propriedades de Tau Scorpii, uma estrela magnética localizada a 500 anos-luz de distância do planeta Terra.

Em 2016, Fabian Schneider e Philipp Podsiadlowski, da Universidade de Oxford, perceberam que esta estrela é uma retardatária azul, o produto de estrelas fundidas.

“Assumimos que a Tau Scorpii conseguiu o seu forte campo magnético durante o processo de fusão”, explica Podsiadlowski. Através das simulações de computador da estrela, a equipa mostrou que uma forte turbulência durante a fusão de duas estrelas pode criar o campo magnético.

Segundo o Europa Press, fusões estelares são relativamente frequentes. Os cientistas assumem que cerca de 10% de todas as estrelas massivas da Via Láctea são o produto de tal processo.

O número bate certo com a taxa de ocorrência de estrelas magnéticas massivas. Os astrónomos acreditam que essas mesmas estrelas podem formar magnetares quando explodem em supernovas. Um magnetar é um tipo de estrela de neutrões que gira a alta velocidade sobre si mesma e que possui um intenso campo magnético.

O mesmo pode acontecer com Tau Scorpii, quando explodir no final da sua vida. Simulações de computador sugerem que o campo magnético gerado seria suficiente para explicar os campos magnéticos excecionalmente fortes nos magnetares.

“Acredita-se que os magnetares possuam os campos magnéticos mais fortes do universo, até 100 milhões de vezes mais fortes do que o campo magnético mais forte já produzido por seres humanos”, rematou Friedrich Röpke, do HITS.

ZAP //

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