O antigo Presidente da Indonésia Jusuf Habibie, que permitiu o referendo de independência em Timor-Leste e iniciou reformas democráticas após a queda do regime de Suharto, morreu esta quarta-feira com 83 anos, num hospital de Jacarta, confirmou a família.
Habibie tinha sido internado no início do mês, num hospital militar de Jacarta, na unidade de cuidados intensivos, com problemas cardíacos.
O antigo Presidente foi escolhido para liderar a Indonésia depois da queda do regime do ditador militar Suharto (1967-1998), inaugurando uma série de reformas que conduziram o país à democracia.
Habibie ficou ainda conhecido internacionalmente por ter permitido um referendo que escolheu por larga maioria a independência de Timor-Leste, em 1999, num sufrágio livre e democrático, apesar de a decisão da retirada das tropas indonésias ter conduzido a antiga colónia portuguesa, nesse mesmo ano, a uma crise política e social, na antecâmara de se proclamar um Estado independente.
Habibie nasceu na cidade de Parepare, na ilha de Celebes, e foi o terceiro presidente desde a independência da Indonésia (1945), substituindo Suharto e promovendo reformas sociais, políticas e económicas que abriram o caminho para a recuperação após a crise financeira asiática de 1997.
O Presidente Habibie, que Suharto tinha nomeado vice-presidente dois meses antes de sua queda, fez profundas alterações na elite política indonésia, para tentar travar a turbulência dos últimos anos do regime ditatorial.
Engenheiro aeronáutico com mais de 40 patentes registadas, Habibie emigrou para a Alemanha aos 19 anos, onde 10 anos depois completou um doutoramento em engenharia e trabalhou para a empresa aeroespacial alemã Messerschmitt-Bolkow-Blohm (MBB), que fazia parte do consórcio da Airbus.
A carreira política de Habibie começou em 1974, como consultor de Suharto, amigo de família desde a década de 1950, tendo em 1978 renunciado ao seu emprego na Alemanha e aceitado o cargo de ministro da Tecnologia e Investigação, lançando vários projetos para aumentar a capacidade tecnológica da Indonésia.
Em 1990, quando Suharto começou a abrandar a sua política repressiva e a aproximar-se do Islão, Habibie fundou a Associação Indonésia de Muçulmanos Intelectuais, num país onde 88% dos 265 milhões de habitantes eram muçulmanos.
// Lusa