A atriz Liu Yifei é a mais recente celebridade a tomar partido no conflito de Hong Kong. A chinesa naturalizada norte-americana escreveu na rede social Weibo que apoiava a polícia.
“Eu apoio a polícia de Hong Kong. Podem todos atacar-me. Que vergonha para Hong Kong.” Esta declaração de apoio à polícia, acusada do uso de força excessiva pela oposição pró-democrática, irritou os ativistas, que apelaram, no Twitter, para o boicote ao filme que Liu Yifei vai protagonizar.
A hashtag BoycottMulan rapidamente passou para o top em Hong Kong e também dos Estados Unidos. A atriz é a protagonista do remake de Mulan, o filme de animação da Walt Disney de 1998, agora com atores reais. A estreia do filme da realizadora Niki Caro está prevista para 2020.
Nos últimos dias, os protestos em Hong Kong – que começaram contra uma proposta de lei que permitiria a extradição dos cidadãos para a China e que foi entretanto alargado a outras reivindicações pró-democráticas – levaram outras figuras mediáticas a dar o apoio ao regime chinês. Foi o caso de Jackie Chan (nascido em Hong Kong), que numa entrevista à CCTV apelou para a paz e disse sentir orgulho de ser chinês. “A bandeira das cinco estrelas é respeitada em todo o lado”, afirmou.
Também do lado de Pequim e do executivo de Hong Kong pronunciaram-se o ator Tony Leung Ka-fai (nascido na região administrativa especial) e o músico Daniel Chan. Do outro lado da barricada está a cantora Denise Ho e o ator sul-coreano Kim Eui-sung.
Professores também protestam em solidariedade
Milhares de professores vestidos de preto, a assinatura do movimento pró-democracia, estão a participar em Hong Kong numa marcha pacífica em solidariedade aos jovens manifestantes.
Organizada pelo Sindicato de Professores Profissionais de Hong Kong, os manifestantes deverão marchar até à residência da chefe do executivo, Carrie Lam. Segundo a agência noticiosa AP e o jornal South China Morning Post, muitos dos professores transportam cartazes com uma mensagem em comum: “Protejam a próxima geração”.
De acordo com o sindicato, os professores que se manifestam este sábado concordam com as cinco reivindicações dos manifestantes: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo, Carrie Lam.
Para domingo está programada uma grande manifestação que a polícia autorizou, mas proibiu a marcha de protesto, disse na sexta-feira à agência Lusa a porta-voz de um dos movimentos que organiza a iniciativa.
Há mais de dois meses que Hong Kong é palco de protestos maciços, marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que tem usado balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. A 1 de julho, alguns manifestantes chegaram mesmo a invadir o parlamento de Hong Kong.
Mais recentemente, o aeroporto de Hong Kong foi palco de manifestações, com as autoridades a serem obrigadas a cancelar centenas de voos na segunda e na terça-feira naquela que é uma das infraestruturas aeroportuária mais movimentada do mundo.
Os defensores da lei argumentam que, caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, tal poderá transformar Hong Kong num “refúgio para criminosos internacionais”. Os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa. Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
ZAP // Lusa
Vamos ver se dizem o mesmo após o exército chinês repetir o massacre de Tiananmen em Hong Kong.