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Imagens 3D podem ter revelado a igreja cristã russa mais antiga do mundo

Pela primeira vez, cientistas da universidade russa NUST MISIS, conseguiram digitalizar um espaço subterrâneo, no forte de Derbent, através de tomografia de muões. Se for confirmada a teoria dos arqueólogos que o edifício era utilizado como templo cristão, esta pode ser a igreja mais antiga do mundo.

A estrutura, feita a partir de calcário de conchas locais, tem cerca de 11 metros de altura, estende-se 15 metros de sul a norte e 13,4 metros de oeste a este. Os cientistas estudaram as instalações e colocaram detetores com emulsão nuclear dentro do espaço, enterrado a uma profundidade de 10 metros.

A construção remonta ao ano 300. No entanto, foi coberta por terra em 700 após a captura de Derbent pelos Árabes. Apenas é visível à superfície o fragmento de uma cúpula semi-destruída no forte de Naryn-Kala.

Até agora a função do edifício ainda está por decifrar, mas, entre várias hipóteses, pode ter sido um tanque, um santuário cristão ou um templo de fogo zoroastriano. Pormenores da estrutura, como a forma da cruz e a sua orientação, levantam dúvidas acerca da ideia preexistente de que a construção era um tanque de água subterrânea, já que estas características eram essenciais nas igrejas primitivas.

Os arqueólogos não conseguem obter informação que lhes permita chegar a um consenso quanto à função do espaço, porque as escavações do templo podem destruir um local classificado como património cultural da UNESCO.

“Parece-me muito estranho interpretar este edifício como um tanque de água. No mesmo forte de Naryn-Kala, há uma estrutura subterrânea paralela de 10 metros de profundidade e é um tanque. Este é apenas um edifício retangular”, explica a líder da investigação do grupo científico, Natalia Polukhina, em declarações ao site da MISIS.

“Um lado é dois metros mais longo que os outros. Segundo os arqueólogos que iniciaram as escavações, durante a construção, o edifício estava à superfície e ficava no ponto mais alto de Naryn-Kala. Qual é o sentido de colocar o tanque à superfície e na montanha mais alta?”, questiona a investigadora. “Neste momento, há mais perguntas do que respostas”.

Segundo o estudo, publicado em maio no jornal Applied Sciences, o objetivo da próxima etapa das experiências vai ser a tomografia 3D final do edifício subterrâneo. Esta vai ajudar a definir o que é a estrutura, analisar as suas condições e desenvolver propostas para eventuais escavações.

DR, ZAP //

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