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O asteróide Vesta é fruto de uma peculiar colisão cósmica

NASA

O protoplaneta Vesta em imagem captada pela sonda espacial Dawn.

Novas informações recolhidas pela sonda espacial Dawn da NASA revelaram que o asteróide Vesta, o segundo maior do cinturão de asteróides, é fruto de uma colisão cósmica peculiar, uma vez que se formou num impacto de “golpe e fuga”.

Vesta, também conhecido como 4 Vesta, é um corpo rochoso gigante. Mede mais de 500 quilómetros de diâmetro e conta com cerca de 800 mil quilómetros quadrados de área. Contas feitas, é nove vezes maior do que Portugal e 50 vezes maior do que o meteoro que poderá ter levado à extinção dos dinossauros.

Os novos dados da agência espacial norte-americana revelam que este gigante manteve a sua crosta, manto e núcleo metálico, assim como a Terra. Contudo, o seu pólo sul é incomummente espesso, tal como noticia a agência noticiosa Europa Press.

Visando justificar esta particularidade, o cientista Yi-Jen Lai, da Universidade de Macquarie, na Austrália, e a sua equipa internacional de especialistas propõem agora uma nova história evolutiva para o Vesta tendo por base uma teoria sobre um enorme impacto.

O novo estudo, cujos resultados foram esta semana publicados na revista científica Nature Geoscience, é baseado em determinações precisas da idade de cristais de zircónio dos mesossideritos – um tipo de enigmático meteorito de Vesta – e tem como objetivo resolver as incertezas relacionadas com o passado evolutivo do asteróide.

Os mesossideritos são um tipo de meteorito de ferro, composto por materiais da crosta e do núcleo fundido de um asteróide. Estes meteoritos misteriosos e raros oferecem uma visão única sobre a desintegração catastrófica de asteróides diferenciados, isto é corpos rochosos em camadas, tal como é o caso do Vesta.

“O principal desafio é que menos de 10 grãos de zircão favoráveis para datação de idades ​​foram relatados em décadas. Desenvolvemos um novo método para encontrar zirconitos em mesossideritos. E, finalmente, preparamos grãos suficientes para este estudo”, explicou o principal autor do estudo, Makiko Haba, da Universidade de Tóquio, no Japão.

A equipa conduziu depois estudos de datação de alta precisão recorrendo a isótopos de urânio e chumbo e encontrou dois momento importantes, tal como explicou Yi-Jen Lai. “Descobrimos duas datas importantes: 4.558,5 e 4.525.39 milhões de anos atrás, que estão relacionadas com a formação inicial da crosta e com a mistura de metal-silicato causada por uma colisão cósmica de ‘golpe e fuga'”.

Perante estas datas, os cientistas apresentam uma nova explicação para estes dois momentos cruciais. Segundo sustenta a equipa na publicação, no primeiro momento, depois de o Vesta já se ter diferenciado em diferentes camadas de crosta, manto e núcleo, um outro asteróide – com cerca de um décimo do Vesta – impactou-o, causando uma rutura em grande escala no hemisfério norte.

Os destroços deste impacto, compostos pelas três “capas” do Vesta, ficaram presos no hemisfério sul do corpo rochoso, explicando assim a crosta anormalmente espessa detetada pela sonda da NASA. Este modelo de impacto e fuga explica ainda a forma distinta de Vesta, bem como a falta de olivina do manto nos meteoritos do asteróide.

A equipe acredita ainda que o conceito pode também ser aplicado a outros corpos planetários para reconstruir as suas histórias evolutivas.

ZAP //

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