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“Boa sorte e céu limpo.” Os eclipses solares totais são ouro para os cientistas

NASA

Além de ser um espetáculo imperdível para alguns turistas, os eclipses solares totais são também uma oportunidade de ouro para os cientistas observarem a atmosfera do Sol.

“Boa sorte e céu limpo.” Esta é uma expressão muito usada na Astronomia que, para um caçador de eclipses como Huw Morgan, tem um significado especial.

São milhares os turistas que se mobilizam para ver um eclipse solar total, assim como inúmeros cientistas, para os quais este fenómeno é uma oportunidade de ouro para observar a atmosfera do Sol, conhecida como coroa solar. Tal como a Terra, o Sol tem uma atmosfera e um campo magnético que se estende a grandes distâncias pelo Espaço.

A coroa solar é um plasma intenso de protões e eletrões separados que atinge temperaturas de um milhão de graus Celsius, ou até mais. Neste ambiente, quente e magnetizado, a física comporta-se de forma bizarra. Morgan, investigador da Aberystwyth University, no País da Gales, acredita que uma melhor compreensão da coroa solar poderia aumentar a nossa segurança na Terra, uma vez que eventos explosivos na coroa podem ter efeitos dramáticos para o nosso planeta.

Uma vez que a sociedade se tornou cada vez mais dependente da tecnologia, entender o clima espacial e, sobretudo, ser capaz de prevê-lo pode ser uma valiosa arma para nós. As erupções do Sol, por exemplo, podem danificar sondas e naves espaciais, sistemas de energia, comunicações e sistemas de GPS. Uma grande erupção solar poderia causar enormes prejuízos à economia global.

A coroa solar é apenas visível durante um eclipse, uma vez que a luz extremamente brilhante vinda diretamente da superfície visível do Sol – a fotosfera – a tapa. Uma vez que a fotosfera é cerca de um milhão de vezes mais brilhante do que as regiões mais brilhantes da coroa, observar a coroa solar é quase como estudar o comportamento de um pirilampo a pairar ao lado de um farol, explica Morgan, num artigo publicado no The Conversation.

Um eclipse total ocorre quando a Lua passa à frente do Sol, bloqueando o seu disco brilhante a lançando uma sombra profunda sobre a Terra. Durante este fenómeno, a coroa do Sol é evidenciada, para bom grado dos cientistas. A partir daqui, os especialistas têm poucos minutos para a observar, e tudo o que precisam é de sorte, para que nenhuma nuvem estrague o espetáculo que aguardaram durante tanto tempo.

Enquanto a Lua cobre o disco brilhante do Sol, a atmosfera circundante aparece como um anel fraco, com raios estendidos que apontam para fora da estrela como uma coroa – daí o nome. Estudar este ambiente misterioso poderia ajudar a preparar a Terra para as suas eventuais mudanças de humor, defende Huw Morgan.

Eclipses solares totais fornecem um quadro detalhado e instantâneo da atmosfera solar e são uma preciosa oportunidade para aprender mais sobre a camada oculta do Sol, que pode afetar (e muito) a vida no planeta Terra. Resta aos cientistas esperar “boa sorte e céu limpo”.

ZAP //

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