As faltas dos alunos que participem na greve estudantil internacional em defesa do clima serão injustificadas, segundo os diretores escolares, que garantem que as escolas vão funcionar normalmente com a realização de aulas e testes.
Na sexta-feira, os alunos das escolas portuguesas voltam a participar na greve climática estudantil, depois de em março cerca de 20 mil terem aderido ao protesto internacional que juntou 1,6 milhões de estudantes em todo o mundo.
A poucos dias do novo protesto, estão marcadas ações para 34 cidades portuguesas que deverão contar com a presença de estudantes de todas as idades, desde alunos do ensino básico até ao ensino superior que prometem voltar a faltar às aulas.
Nesse dia, as escolas portuguesas irão funcionar normalmente, disseram à Lusa os dois presidentes das associações representativas dos diretores escolares.
“A iniciativa dos jovens é muito importante porque chama a atenção da opinião pública para um problema, do qual serão eles serão as vítimas, um dia mais tarde. Espero que o protesto sirva para ajudar o planeta”, defendeu Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).
Também Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), saudou os alunos pela sua “capacidade de se mobilizarem e de lutarem em torno de uma causa”.
No entanto, não haverá qualquer alteração no funcionamento das aulas nem alteração de testes marcados para esse dia.
“As atividades já estão programadas há muito tempo e estamos a chegar ao final do ano letivo. Claro que se muitos alunos faltarem a um teste a escola tem autonomia para tomar medidas e, eventualmente, poderá decidir por repetir a prova. Mas, neste momento, não está nada decidido nesse sentido”, explicou Manuel Pereira.
Quem aderir ao protesto não terá as faltas justificadas: “As escolas terão um dia normal de aulas e as faltas não serão justificadas até porque nem sequer sabemos onde estão realmente os alunos que não compareçam as aulas”, sublinhou Filinto Lima.
Em Portugal, a iniciativa tem vindo a ganhar seguidores: em março aderiram 26 localidades e para o protesto de sexta-feira já estão agendadas ações para 32, segundo dados da organização da “Greve Climática Estudantil Portugal”.
Estes alunos juntam-se a estudantes de outros 110 países que também já anunciaram a sua participação no protesto inspirado na jovem ativista sueca Greta Thunberg.
No verão do ano passado, a estudante começou sozinha uma greve às aulas manifestando-se em frente ao parlamento sueco de onde esperava ver tomadas medidas no sentido de revolver a crise climática.
A 15 de março, 1,6 milhões de estudantes inspirados na sueca de 16 anos também saíram à rua para exigir dos políticos ações concretas contra as alterações climáticas.
Segundo a organização FridaysForFuture, que reúne as informações dos protestos a nível mundial, já aderiram à iniciativa de sexta-feira 111 países e há protestos agendados para 1.387 cidades, mas os números têm vindo a ser atualizados.
Para Portugal, por exemplo, só estão registadas cinco cidades: Lisboa, Lamego, Funchal, Celorico da Beira e Viana do Castelo, mas na realidade já estão anunciadas ações em 32 localidades.
Contra o aquecimento global, os jovens dizem que não querem como herança um planeta quase a morrer, que é o resultado de políticas erradas ou da simples inércia dos governantes, alertando que o tempo está a esgotar-se para lhes reservar um futuro.
“A nossa principal exigência ao Governo português é que faça da resolução da crise climática a sua prioridade, cumprindo com todo o zelo e respeito o Acordo de Paris e as metas estabelecidas pela União Europeia”, defendem os representantes portugueses da greve climática estudantil”.
A proibição da exploração dos combustíveis fósseis em Portugal, a meta para a neutralidade carbónica ser reduzida para 2030, e não 2050, como previsto pelo Governo são duas das medidas que os jovens querem ver em prática.
// Lusa