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May aceita sair de cena depois da nova votação do Brexit. Boris Johnson quer suceder

Andy Rain / EPA

O percurso de Theresa May à frente do Reino Unido está a chegar ao fim. Pressionada por diferentes fações do Partido Conservador para renunciar ao cargo, devido à gestão do processo do Brexit, a líder do Governo britânico aceitou agendar os próximos passos para designação de um sucessor.

A abdicação de May foi acordada, pela própria, durante uma reunião, esta quinta-feira, do Comité 1992 – que reúne todos os deputados conservadores sem cargos no Governo – e deverá abrir caminho para uma feroz corrida à liderança do partido, ainda antes do Verão.

Candidatos não faltam, mas a contenda contará com a participação do brexiteer e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Jonhson, que assumiu essa vontade ainda antes de conhecido o veredicto do grupo parlamentar.

“A primeira-ministra está determinada em assegurar a nossa saída da União Europeia e a desenvolver esforços para garantir a votação da proposta de lei sobre o acordo de saída se realiza na semana que começa a 3 de junho”, referiu, em comunicado, o líder do Comité 1922, Graham Brady. “E acordámos que nos voltaremos a reunir depois da votação para definir um calendário para a eleição de um novo líder do Partido Conservador”.

Nos termos do compromisso assumido com os deputados tories, May renunciará ao cargo quer o seu acordo seja novamente rejeitado pela Câmara dos Comuns, quer seja aprovado. A formulação, segundo as informações recolhidas pelo The Guardian, acabou por satisfazer os conservadores eurocéticos que exigiam a definição de uma data de saída concreta.

Fontes próximas do executivo disseram à BBC que May está a pensar em demitir-se caso o acordo que negociou com Bruxelas seja chumbado pela quarta vez na câmara baixa de Westminster, como se espera. Os três chumbos já registados obrigaram ao adiamento do Brexit, de 29 de março para 31 de outubro, e à participação britânica nas eleições para o Parlamento Europeu.

Minutos antes de conhecidos os termos do acordo entre Theresa May e os deputados tories, Boris Johnson confirmou estar disponível para suceder à primeira-ministra, com quem se incompatibilizou no Governo, devido à sua opção por um “soft-Brexit”, em detrimento de um corte total do Reino Unido com a UE. “É claro que vou tentar. Não acredito que seja segredo para ninguém”, disse Johnson.

O antigo chefe da Diplomacia britânica e ex-mayor de Londres é um dos principais favoritos da ala brexiteer conservadora. Outros possíveis candidatos dessa fação são Michael Gove, atual ministro do Ambiente ou os ex-ministros do Brexit, Dominic Raab e David Davis.

Do lado remainer, Jeremy Hunt (ministro dos Negócios Estrangeiros) e Sajid Javid (ministro do Interior) são potenciais participantes.

O processo do Brexit empancou nas negociações entre o Governo e o Partido Trabalhista, tendo em vista uma solução para que se possa aprovar um acordo de saída no Parlamento. O partido de Jeremy Corbyn propõe a existência de uma união aduaneira pós-Brexit, entre Reino Unido e UE. Mas May rejeita esse cenário.

May vai manter-se à frente do executivo até à votação de junho, tendo pelo meio umas eleições europeias. As sondagens são tenebrosas para os conservadores, colocando-os a disputar o quarto lugar com o Partido Verde – que só tem um deputado na atual Câmara dos Comuns. Em primeiro lugar nas intenções de voto surge o Partido do Brexit, de Nigel Farage, seguido do Labour e Liberais Democratas.

Partido Trabalhista encerra negociações com May

As conversações sobre um possível acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) entre o Governo britânico e o Partido Trabalhista chegaram ao fim, sem um entendimento sobre o Brexit.

O líder do Labour, Jeremy Corbyn, pôs um ponto final nas negociações, um dia depois de ser tornado público pelo Partido Conservador que a primeira-ministra Theresa May deverá ser substituída no cargo em breve.

Corbyn fez o anúncio através de uma carta enviada a May onde declara que as negociações foram “o mais longe possível” e reconhecendo que foram “detalhadas e construtivas”. “Contudo, tornou-se claro que, embora haja algumas áreas onde um entendimento é possível, não conseguimos ultrapassar as diferenças importantes que nos separam.”

Um dos pontos fulcrais terá sido a exigência dos trabalhistas de que o Reino Unido permaneça numa união aduaneira com a UE — e que May não aceitou.

O líder do Labour referiu-se ainda às notícias recentes de que a primeira-ministra deverá ser substituída em breve como líder do Partido Conservador: “A posição do Governo está cada vez mais instável e a sua autoridade tem-se desgastado.”

Para além disso, Corbyn explicitou que o seu partido continuará a opor-se ao acordo para o Brexit proposto por May. Este será levado uma quarta vez ao Parlamento, para ser votado, na primeira semana de junho.

ZAP //

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