Sem o Sol, a Terra arrefeceria lentamente. Esse facto é particularmente evidente em noites claras, quando o calor do nosso planeta, desbloqueado pelas nuvens, se espalha na escuridão do espaço.
Agora, investigadores da Universidade de Stanford desenvolveram um dispositivo que pode aproveitar esse fluxo de calor e criar eletricidade. O dispositivo experimental é um pouco como um painel anti-solar, dado que possui um sistema optoeletrónico semelhante.
No entanto, em vez de usar a radiação recebida do Sol, usa radiação de saída da Terra. Conforme relatado na Applied Physics Letters, o sistema usa o efeito negativo de iluminação. O semicondutor infravermelho gera eletricidade à medida que o calor sai da superfície do dispositivo.
“A vastidão do universo é um recurso termodinâmico”, disse em comunicado o coautor do estudo, Shanhui Fan. “Em termos de física optoeletrónica, existe realmente a simetria muito bonita entre colher radiação e radiação de saída.”
Existe uma grande diferença de temperatura entre a Terra e o Espaço. Mesmo nos locais mais frios do nosso planeta, ainda há uma diferença de pelo menos 200°C. As limitações do dispositivo não estão nas condições externas, mas na tecnologia.
O dispositivo atual produz apenas uma corrente de 64 nanowatts por metro quadrado. “A quantidade de energia que podemos gerar com este dispositivo, de momento, está muito abaixo do limite teórico“, explicou o autor Masashi Ono.
O limite teórico para o dispositivo seria quatro watts por metro quadrado, cerca de um milhão de vezes mais do que o obtido nas primeiras experiências. Enquanto seria uma grande melhoria, ainda estaria muito abaixo do que um painel solar pode fazer (até 200 watts por metro quadrado), mas o suficiente para ser de interesse.
Nesta fase, é apenas uma prova de conceito. Nenhum outro dispositivo optoeletrónico conseguiu gerar eletricidade a partir da frieza do Espaço. A equipa está interessada em maneiras de melhorar o dispositivo para garantir que os materiais utilizados sejam os melhores para o trabalho em questão.
As aplicações para esta tecnologia não são apenas sobre o uso da frieza do universo. O dispositivo poderia ser usado para recuperar parte do calor desperdiçado pelas máquinas.
ZAP // IFL Science