Quase que duplicou a quantidade de cocaína encontrada nas análises feitas aos esgotos de Lisboa pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. A canábis continua a ser a droga mais usada em Portugal, mas o consumo de cocaína e de ecstasy aumentou nos últimos anos.
Os números divulgados pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) nesta semana reportam-se às análises a águas residuais de 70 cidades europeias, de 20 países diferentes, permitindo apurar os hábitos de consumo de drogas dos cidadãos.
As cidades de Porto, Lisboa e Almada participaram no que é o “maior projecto europeu” até à data nesta área, conforme se sublinha no site do Centro Europeu de Monitorização das Drogas e das Adições (EMCDDA na sigla original em Inglês), onde é divulgado o estudo.
A análise aos esgotos das cidades participantes revela um aumento na detecção de estimulantes, indicando uma subida nos consumos de cocaína e de ecstasy (MDMA na sigla científica) em Lisboa, no período entre 2013 e 2017.
Relativamente à cocaína, Lisboa apresenta o 13.º lugar no top europeu de consumo diário, com 454,5 miligramas (mg) de cocaína por cada mil pessoas. Em 2017, o consumo tinha sido de 271,6 miligramas.
Em Almada passou de 82,4 mg em 2017 para 136,8 mg em 2018.
No caso do Porto, verifica-se um aumento de 92,4 mg em 2015 para 160,2 mg em 2017, não sendo divulgados dados relativamente a 2018.
Também no consumo de ecstasy Lisboa se destaca como a quinta cidade europeia com o maior nível de consumo, com 49,4 mg, surgindo atrás de Zurique (73,4 mg) e de Berlim (59,5 mg). Amesterdão com 183 mg de consumo diário e Utrecht, também na Holanda, com 160,3 mg, surgem bem à frente das demais cidades no uso desta droga.
Em 2017, Lisboa tinha revelado um consumo de 38 mg, enquanto Almada passou de um consumo de 9,3 mg para 10,6 mg em 2018. Já o Porto manteve-se nas 10,8 mg em 2016 e em 2017, não havendo dados quanto ao ano passado.
Por outro lado, o uso de anfetaminas e metanfetaminas revela-se residual nas cidades portuguesas, comparativamente com as congéneres europeias analisadas.
No capítulo das metanfetaminas, os dados de 2018 atribuem a Lisboa e Almada um consumo diário de 1,9 mg e de 1,1 mg, respectivamente. As três cidades alemãs que surgem no topo da lista, Eerfurt, Chemnitz e Dresden, lideram com 211,3 mg, 196,2 mg e 174,6 mg.
Em termos de anfetaminas, Lisboa apresenta um consumo diário de 5,2 mg e Almada de 1,9 mg, enquanto Saarbrucken na Alemanha, que aparece no primeiro lugar, revela 407,4 mg de utilização. As segundas classificadas, Reiquiavique (Islândia) e Oslo (Noruega), surgem muito atrás com 209,8 mg e 195 mg, respectivamente.
Bristol é “campeã” europeia no consumo de cocaína
Nos dados relativos ao consumo de cocaína, nota-se o facto de Bristol, no Reino Unido, surgir no topo do consumo diário, com 969,2 mg por cada mil pessoas. Amesterdão (932,4 mg) surge no segundo lugar da lista, com a Holanda a colocar ainda Eindhoven (426,9) e Utrecht (414,6) nos primeiros lugares.
Destaca-se também a Suíça que é representada por Zurique (856 mg), St. Gallen (708,3 mg), Genebra (600,4), Basel (585,4 mg) e Berna (499,9 mg) nos primeiros lugares. Espanha está, igualmente, representada por cinco cidades, designadamente Barcelona (733,2 mg), Valência (587,4 mg), Santiago de Compostela (352,1 mg), Madrid (316,5 mg) e Castellon (296,5 mg).
Em Paris a contagem indica 525 mg e em Bruxelas fica-se pelas 432,5 mg.
Em todos os locais analisados, a presença de drogas na água era maior aos fins-de-semana do que durante a semana, o que não causa surpresa, estando em causa o uso de drogas com fins recreativos.
Canábis continua a dominar em Portugal
O Observatório destaca que a canábis continua a ser a droga mais frequente em Portugal, seguindo-se o ecstasy e a cocaína.
O consumo destas substâncias ilícitas entre os estudantes portugueses foi “ligeiramente inferior à média europeia”, com base em dados de 35 países, (abaixo de 20%), segundo a mesma análise. Já o uso de novas substâncias psicoactivas ao longo da vida ficou muito abaixo da média, que é inferior a 10%.
Também o consumo de cigarros e álcool ficou abaixo da média europeia apurada, que ultrapassou ligeiramente os 20% no primeiro caso e largamente os 40% no segundo, de acordo com os gráficos apresentados no relatório do OEDT.
“Estima-se que em 2015 havia cerca de 33.290 consumidores de opiáceos de alto risco em Portugal, o que representa cerca de 5,2 por 1.000 entre a população adulta”, lê-se no documento.
O teste de rastreio de canábis incluído em 2016-2017, num inquérito geral à população, indicou que cerca de 0,7% dos residentes entre os 15 e os 64 anos poderiam ser considerados consumidores de canábis de alto risco.
Dados dos centros de tratamento especializados mostram que as solicitações de primeiros tratamentos atribuíveis ao uso de heroína diminuíram desde 2009. Por oposição, as novas entradas para tratamentos resultantes do uso primário de canábis quase duplicaram nos últimos anos.
“Após um período de alguma estabilidade na procura de novos tratamentos relacionados com a cocaína, observou-se um aumento nos últimos anos”, observam os peritos, notando que os homens representaram a maioria das pessoas que procuraram tratamento.
SV, ZAP // Lusa
Significa que os portugueses estão com maior poder de compra para a aquisição daquilo que gostam!…
Por outro lado, convém não divulgar muito porque esta notícia poderá levar muitos a ir chafurdar nos encanamentos das ETAR, esperando ter o produto de borla.
A maior apreensão de cocaína de sempre deu-se em Junho de 2018 nos Açores. Uma tonelada e meia a bordo de um iate de luxo.
Os arguidos contrataram o advogado Helder Fráguas e dez meses depois, em Abril de 2019, foram colocados em liberdade.
Segundo o que nos chegou há dias, Helder Fráguas tem advogado em casos que envolvem traficantes de droga e criminosos de diversos sectores. Com advogados assim não vamos ter as prisões cheias.