As sondas Cassini e Juno da NASA forneceram novos dados que podem mudar a nossa conceção sobre a formação e funcionamento dos planetas do nosso Sistema Solar.
Os sensores magnéticos e de gravidade a bordo da missão Juno da NASA enviaram “dados intrigantes” sobre Júpiter, que revelaram que o campo magnético deste planeta gasoso tem manchas – regiões de campo magnético anormalmente alto ou baixo – e uma diferença notável entre os hemisférios norte e sul.
“É diferente de tudo o que vimos antes”, disse David Stevenson, do Instituto Tecnológico da Califórnia, que apresentou a atualização das duas missões esta semana, na reunião de março da American Physical Society.
Os dados da gravidade confirmaram que, no meio de Júpiter, que tem pelo menos 90% de hidrogénio e hélio em massa, existem elementos mais pesados que representam mais de dez vezes a massa da Terra. No entanto, não estão concentrados num núcleo, mas estão misturados com o hidrogénio de cima, a maioria dos quais se manifesta na forma de um líquido metálico.
Além disso, ambas as missões forneceram informações detalhadas sobre as partes externas de Júpiter e Saturno. A abundância de elementos mais pesados nessas regiões ainda é incerta, mas as camadas externas desempenham um papel maior do que o esperado na formação dos campos magnéticos dos dois planetas.
Experiências que imitam as pressões e temperaturas dos planetas gasosos são necessários para ajudar os cientistas a entenderem os processos que estão a ocorrer.
Para Stevenson, que estuda os gigantes gasosos há 40 anos, os quebra-cabeças são as marcas de uma boa missão. “Uma missão bem sucedida é uma que nos surpreende, a ciência seria chata se simplesmente confirmava o que pensávamos anteriormente”, diz.
Os últimos resultados da Juno e da Cassini desafiaram muitas teorias atuais sobre como os planetas se formam e se comportam no Sistema Solar.
De acordo com Stevenson, “embora ainda haja quebra-cabeças para explicar”, algumas das ideias sobre como os planetas se formam, como criam campos magnéticos e como os ventos sopram já estão a ser esclarecidos.
A missão Cassini orbitou Saturno durante 13 anos antes da sua imersão final no interior do planeta em 2017, enquanto que Juno esteve em órbita durante dois anos e meio. Com o seu sensor de microondas na sonda Juno, foi demonstrado que a atmosfera é uniformemente misturada, algo que as teorias convencionais não previam. “Qualquer explicação para isso tem que ser pouco ortodoxa”, referiu Stevenson.
Investigadores estão a explorar eventos climáticos que concentram quantidades significativas de gelo, líquidos e gás em diferentes partes da atmosfera como possíveis explicações, mas a questão está longe de estar fechada.
ZAP // Europa Press