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Vaticano recebeu cerca de 900 denúncias de abusos em 2018

Vatican Media / EPA

O Vaticano recebeu, durante o ano de 2018, cerca de 900 denúncias por abusos sexuais praticados pelo clero, um valor que ronda o dobro das recebidas anualmente na última década.

As denúncias foram reportadas à Congregação para a Doutrina da Fé, o organismo da Santa Sé que desde 2001 tem competência exclusiva para centralizar os processos eclesiásticos que dizem respeito aos chamados delicta graviora, os delitos considerados mais graves pela lei católica, entre os quais os abusos sexuais de menores.

A Congregação para a Doutrina da Fé, de acordo com o El País, não divulga oficialmente o número de casos de abuso sexual que investiga, mantendo-os sob sigilo absoluto.

As últimas estatísticas oficiais divulgadas pelo Vaticano relativamente aos abusos sexuais foram conhecidas em 2014, quando o representante da Santa Sé nas Nações Unidas revelou que, entre 2004 e 2014, a cúpula da Igreja Católica havia expulso do clero um total de 848 padres acusados de abusos.

Entre 2004 e 2014, disse na altura o mesmo responsável segundo o Observador, o Vaticano tinha recebido mais de 3.400 denúncias credíveis, com o ano de 2013 a registar um total de 401 casos reportados.

Além dos 848 padres expulsos do clero, a Congregação para a Doutrina da Fé tinha condenado a penas perpétuas de oração e penitência 2.572 padres em vários países do mundo.

O número representa, assim, uma subida em flecha do número de casos denunciados que chegam efetivamente ao Vaticano para serem julgados, após décadas em que a maioria das denúncias não passavam das dioceses, sendo habitualmente ocultadas pelos bispos.

Segundo explica o jornal espanhol, um dos principais motivos para a subida deste número foi a investigação levada a cabo pelo Vaticano relativamente aos abusos sexuais no Chile, um dos países mais afetados pelo escândalo do encobrimento de denúncias no último ano.

Terão sido dezenas os processos instaurados em relação ao Chile, depois de o Papa enviar o arcebispo de Malta, Charles Scicluna, o principal investigador do Vaticano para os abusos sexuais, àquele país para liderar a investigação.

A notícia surge um dia antes do arranque de uma cimeira inédita convocada pelo Papa Francisco e que vai reunir em Roma 190 líderes católicos de todo o mundo — incluindo o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente — para debater a forma como a hierarquia da Igreja Católica lida com as denúncias de abusos sexuais.

ZAP //

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