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Extrema-direita entra no parlamento da Andaluzia. “Falha histórica de Sánchez”

Rafa Alcaide / EPA

O líder do Vox, Santiago Abascal (L), com o candidato do partido às eleições regionais da Andaluzia, Francisco Serrano

O PSOE foi o partido mais votado, mas com os piores resultados da sua história, nas eleições deste domingo na região espanhola da Andaluzia, que foram marcadas pela chegada da extrema-direita ao parlamento regional.

Os partidos tradicionais espanhóis são os grandes derrotados da consulta de domingo, quando estão escrutinados 98% dos votos, com o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) a passar de 47 deputados regionais (num total de 109) para 33, enquanto o Partido Popular (PP, direita) passa de 33 para 26.

O PSOE foi o mais votado, mas não vai ser fácil encontrar um parceiro para governar, depois de todos as forças políticas, durante a campanha eleitoral, terem recusado apoiar um executivo regional liderado pela socialista Susana Díaz, atual presidente.

O PP também foi muito penalizado, mas tem a consolação de se ter aguentado na segunda posição, não tendo sido ultrapassado pelo Cidadãos (direita liberal), que traçou esse cenário como o seu objetivo principal.

Mesmo assim, o Cidadãos foi o partido que mais subiu, passando de nove deputados regionais para 21, mantendo intacta a sua pretensão de vir a liderar a direita espanhola.

As eleições deste domingo marcam a entrada fulgurante da extrema-direita, que desde 1982 não tinha expressão eleitoral em Espanha, no parlamento regional através do Vox, que consegue 12 deputados regionais, um resultado inesperado.

“Somos um partido regenerador e viemos para ficar”, afirmou Francisco Serrano, antigo juiz e cabeça de lista pelo Voz, rescaldo das celebrações.

Um vídeo divulgado antes das eleições, intitulado “Andaluzia pela Espanha”, que acabou por se tornar viral na Internet, mostra o líder do Vox, Santiago de Abascal, a cavalgar com um grupo de outros membros do partido, numa referência à “Reconquista” espanhola nos séculos XIII-XV dos territórios muçulmanos, que agora seria feita a partir desta região para o norte.

A líder regional e candidata do PSOE, Susana Díaz, justificou, em setembro passado, a decisão de antecipar a ida às urnas com a falta de estabilidade do seu executivo, depois de o Cidadãos ter retirado o apoio que há três anos dava aos socialistas, acusando-os de não cumprirem as medidas negociadas de regeneração democrática.

O PSOE governa a maior e mais populosa das comunidades Autónomas espanholas desde 1982, há 36 anos.

Importante teste ao Governo de Sánchez

As eleições andaluzas são um teste importante para o Governo minoritário socialista, que chegou ao poder há seis meses, e também para as forças de direita, a alguns meses das eleições autárquicas, autonómicas e europeias de maio próximo.

O executivo nacional, liderado por Pedro Sánchez, tem tido dificuldade em aprovar as suas políticas em Madrid e esperava ter agora um bom indicador de apoio popular.

Os partidos da oposição consideraram estes resultados uma derrota clara para o PSOE. Albert Rivera, líder do Cidadãos, considerou que “Pedro Sánchez também foi derrotado nas urnas”, acrescentou. Já Pablo Casado, do PP, apontou uma falha “histórica”, lançando uma mensagem a Sánchez: pode “começar a pensar em eleições antecipadas”, disse.

Casado relembrou ainda que, desde o início, o seu partido “estaria envolvido em todos os eventos eleitorais, o projeto do PP tinha que reivindicar os nossos princípios: esta é a casa de centro-direita comum e os resultados na Andaluzia são a primeira pedra que representa uma falha histórica de Pedro Sánchez. Nós temos o projeto que trouxe Espanha para fora da crise duas vezes”, atirou, citado pelo Observador.

A Comunidade Autónoma da Andaluzia, com mais de 87 mil quilómetros quadrados, é a segunda maior de Espanha (a primeira é Castela e Leão) e tem quase o tamanho de Portugal (92 mil).

Por outro lado, é a mais populosa região de Espanha, com mais de oito milhões de habitantes (Portugal tem mais de 10 milhões), fazendo fronteira com os distritos portugueses de Beja e Faro.

ZAP // Lusa

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