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Centeno prevê das maiores quedas de desemprego da zona euro até 2019

Entre 2017 e 2019, a taxa de desemprego nacional deverá cair de 8,9% da população ativa para 6,3%, uma descida que será apenas superada por Chipre, Espanha e Grécia.

Portugal vai conseguir fazê-lo de forma peculiar, explica o DN: com a economia a abrandar até 2,2% em 2019 e com a maior travagem no ritmo de criação de emprego entre os 19 países da zona euro.

De acordo com o levantamento feito pelo Dinheiro Vivo junto dos 19 projetos orçamentais, a economia portuguesa deverá criar apenas mais 0,9% de empregos em termos líquidos em 2019, uma redução de 2,4 pontos percentuais face a 2017.

Por causa disto, Portugal volta a ter a quinta dinâmica mais fraca de criação de postos de trabalho na área do euro, ficando acima de apenas quatro países: Lituânia, Letónia, França e Estónia.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou dados oficiais do inquérito ao emprego do terceiro trimestre, devendo confirmar isso mesmo: a taxa de desemprego deverá ter caído para menos de 6,7%, mantendo-se assim abaixo da média anual estimada pelo Governo na proposta de OE2019 para este ano (6,9% em 2018).

Menos desemprego de longa duração

A queda rápida do desemprego, com a criação de emprego a fraquejar e a economia a perder força, pode significar que essa melhoria do mercado laboral está muito assente no regresso de desempregados ao trabalho.

No final do segundo trimestre, a economia tinha, oficialmente, cerca de 350 mil pessoas sem trabalho. Embora esteja a diminuir, o grupo dos desempregados de longa duração ainda hoje representa mais de metade do desemprego total. São cerca de 180 mil pessoas nessa situação.

Segundo o Executivo, há várias medidas que sustentam esta evolução. Em 2019, o Governo vai lançar o Contrato Geração, medida “direcionada para a contratação simultânea e sem termo de jovens e desempregados de longa duração”.

A melhoria em alguns serviços do IEFP e a renovação do site também aparece como uma “aposta numa melhor articulação entre o serviço público de emprego e as entidades empregadoras para identificar e promover oportunidades de emprego e para promover, ao mesmo tempo, uma maior eficácia na ativação dos desempregados de longa duração”.

Mais jovens a trabalhar

A criação de emprego, sobretudo nas camadas mais jovens que têm sido as mais excluídas da retoma, é outra das dinâmicas que ajuda a fazer baixar a incidência do desemprego. Evita que mais jovens fiquem sem trabalho e ajuda a engrossar a população ativa caso estes tenham de optar entre continuar inativos (a estudar ou não) e entrar no mercado de trabalho.

Além dos referidos apoios às empresas que contratem para os quadros, o Governo vai investir no ensino profissional, nomeadamente na “expansão desta via de ensino através da realização de ações de divulgação do ensino profissional dirigidas aos jovens, famílias e potenciais empregadores”.

Os “jovens agricultores” e os “jovens empreendedores” ligados ao mundo digital também não são esquecidos no OE.

Contribuições para a redução do défice

A retoma mais frágil, rica em menos desemprego, mas mais pobre em crescimento do emprego, acabará por contribuir de forma decisiva para a redução do défice em 2019, constata o Executivo na proposta orçamental.

Por um lado, “é expectável, com base na informação mais recente, que entre 2018 e 2019 a receita com contribuições cresça 5,8%“. O aumento do emprego também se reflete tendencialmente em mais consumo e em mais impostos pagos.

Por outro, “no que diz respeito às prestações de desemprego e de apoio ao emprego, prevê-se uma despesa de 1.208 milhões de euros em 2019″, o que dá uma redução de 4,3% face à execução prevista para 2018 (menos 54 milhões de euros), “designadamente em função da continuação da redução da taxa de desemprego prevista e do aumento esperado ao nível do emprego”.

ZAP //

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