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Falha no sistema de água pode ter ditado o fim de uma das maiores cidades antigas

Em 1200, a maior cidade do mundo era Angkor, território onde hoje se localiza o  Camboja. Repentinamente, a maioria dos habitantes da cidade começou a abandonar a região no século XV, levando a cidade ao colapso – os cientistas podem agora ter descoberto o motivo.

Historiadores e cientistas têm apresentado hipóteses para justificar o êxodo massivo desta cidade que contava com uma área de mil quilómetros quadrados. Agora, um novo artigo, publicado na semana passada na revista Science Advances, sugere que terá sido o sistema de distribuição de água a ditar o seu fim.

Durante cem anos, a população de Anglor construiu e expandiu as suas redes de canais, diques, barragens, poços e outras estruturas importantes para a administração da água. No entanto, no século XV, e de forma quase inexplicável, muitos plebeus e o próprio rei de Angkor abandonaram a cidade.

Especialistas justificam esta saída com uma possível guerra com um reino vizinho, localizado na atual Tailândia, mencionando também uma provável substituição do hinduísmo pelo budismo.

No entanto, a nova publicação aponta o sistema de água como o principal culpado. Segundo a mesma, a população pode ter deixado a cidade após inundações inesperadas, seguidas por décadas de chuvas escassas, que acabara por desencadear uma séria de falhas no maior sistema aquífero do mundo pré-industrial, notam os investigadores.

O coautor da investigaão e geofísico da Universidade de Sidney, na Austrália, Dan Penny, desenvolveu juntamente com o resto da equipa um modelo computorizado que avalia de que forma as rápidas mudanças climáticas durante os períodos de chuva podem ter afetado o sistema de distribuição de água desta cidade.

Recorrendo a várias simulações, os cientistas concluíram que os canais começaram a corroer, alargando-se consequentemente devido ao volume do fluxo de água. Por este motivo, a água foi sendo desviada de forma desigual pelas intersecções da rede, reabastecendo apenas alguns canais. A distribuição irregular foi ainda mais afetada devido aos sedimentos que foram se acumulando nos canais.

De acordo com os cientistas, a ocorrência de todos estes fenómenos levou à falha total da rede de água, ditando assim, e de forma inesperada, o desaparecimento de Angkor – a maior cidade do mundo à luz da época.

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