Sepulturas medievais espalharam os segredos genéticos de 13 pessoas pertencentes a uma tribo germânica Alemanni. Agora, os cientistas construíram uma árvore genealógica e ficaram surpresos com o resultado.
Em 1962, na cidade de Niederstotzingen, no sul da Alemanha, os cientistas encontraram os primeiros enterros medievais, que abrigavam os corpos de dez adultos e três crianças. Logo de imediato, o conteúdo das sepulturas deslumbrou os arqueólogos, que começaram a estudar a armadura ornamentada, as joias e as espadas enterradas com os indivíduos.
No entanto, nunca conseguiram descobrir de que forma essas pessoas, alguns dos quais guerreiros medievais, estavam relacionadas. Agora, uma análise genética de oito desses indivíduos revela que cinco deles eram, de facto, parentes diretos, mas os outros três não tinham qualquer tipo de relação.
Os cientistas admitem que seja possível que algumas destas pessoas tenham sido “adotadas para serem treinadas como guerreiras“, uma prática muito comum naquela época, escreveram os cientistas no artigo científico publicado esta quarta-feira na Science Advances.
As sepulturas pertenciam aos Alemanni, um grupo de tribos germânicas que viviam na região, abrangendo a Alemanha, Suíça, França e Áustria. Depois de terem sido derrotados por Clóvis I, o primeiro rei dos francos, em 497 d.C., os Alemanni tornaram-se parte do Ducado do Reino Merovíngio.
Nessa altura, as práticas funerárias dos alemães mudaram, tendo começado a enterrar a sua família em sepulturas ricamente mobiladas, as chamadas adelsgrablege. Sgeundo os cientistas, este adelsgrablege em particular foi usado pela mesma família em duas gerações diferentes, de 580 a 630 d.C.
Embora não pertençam à família em termos genéticos, o facto de terem sido enterrados todos juntos sugere que estes indivíduos “foram tratados com igual respeito“, escreveram os autores. Assim, as sepulturas medievais indicam que tanto o parentesco quanto a comunhão foram mentidos em igual proporção.
Estes resultados provam que a sociedade medieval primitiva era “fluida e adaptativa”, disse Christian Meyer, arqueólogo do Centro de Pesquisas Osteo-Arqueológicas em Goslar, na Alemanha, ao Live Science.
“Esta análise complexa deve também fazer-nos reavaliar noções pré-concebidas sobre parentesco, bens e rituais de sepultamento em geral. É sempre muito mais complicado do que pode parecer à primeira vista”, conclui.
A análise genética dos oito indivíduos revelou ainda que seis deles eram provenientes do norte e leste da Europa, enquanto que os outros dois provinham da região do Mediterrâneo.